A arte da polêmica cretina
17/03/12 12:50Não vou citar nomes. Mas imagine que um grande jornal passa a publicar semanalmente os artigos de determinado professor. Em pouco tempo, o professor Z se descobre um agudo polemista. E acha que está na hora de “dizer certas verdades”.
Por exemplo, que as mulheres são mau caráter, que os negros são excessivamente bem tratados, que chega de ser legal com os gays, que a Inquisição Espanhola não foi tão má assim.
Mulheres, negros, gays e hereges protestam. Há quem ameace cancelar a assinatura do jornal. Outros leitores aplaudem. O debate pega fogo.
O leitor mais ou menos neutro e equilibrado pensa assim: “bom, não concordo com o cara, mas que ele é polêmico é”. No jornal, todos concordam: os artigos de Z. suscitam discussão.
É verdade.
Mas a questão é: que tipo de discussão o jornal está querendo suscitar?
Poderia haver um articulista negando semanalmente a existência do Holocausto.
Choveriam cartas dizendo que o articulista é anti-semita e mentiroso. Outras cartas viriam, dizendo que Y teve a coragem de escrever o que muita gente pensava, mas não se sentia à vontade para dizer.
Puxa, ele suscita muita discussão.
Mas o jornal que estivesse interessado em suscitar discussão sobre a existência do Holocausto está perdendo uma oportunidade de suscitar discussões bem melhores.
É claro que uma opinião grosseira, provocativa, preconceituosa e leviana suscita mais “polêmica”. A polêmica estará, entretanto, no nível Z.
Marcelo, se as tosquices do BBB geram um baita ibope (fora a grana) para a Globo, a direção do jornal parece buscar holofote para si com polemicas medíocres. Não se pensa em educar ou desenvolver pessoas, mas sim em aplainá-las.
Marcelo, tu deverias te preocupar do que se passa na tua própria cozinha. Reputaçáo é tudo que um jornal pode ter. e escrevo isso pensando no New York Times. A Folha está perdendo do que resta dela. A matéria sobre as persquisas da Eleições na França está toda errada, escrevendo baboseiras e omitindo outros fatos. Basta ler o Liberation.com de hoje, domingo. Tu queres criticar outros jornais e jornalistas mas a tua casa tem telhado de vidro. Como jornalista da Folha, tu não tens reputação para criticar ninguém.
Ué? Ele não estava falando da Folha mesmo?
Pondé, Mainardi: ultradireita + talento zero + muita ambição + senso de oportunidade. Estilo macaco-com-revolver. Não influem em nada, não apitam nada, não fazem a menor diferença.
para mim, o que ele fez de mais retumbante, foi aparecer de nariz sujo no jornal da cultura. não há justificativa para isso, pois a echarpe estava lá à disposição!
– BOm mesmo é seria tudo como está ? Seria o neoconservadorismo a dar manutenção aos lugares-comuns do chatíssimo e fajutíssimo politicamente-correto besteirol esquerdista-bananoso.
– Os Z, como o professor Pondé, por exemplo, ao menos tem a coragem de contestar a superficialidade dos dogmas plantados pelo esquerdismo cucaracho.
Faltou coragem, sr. Coelho? Por quê? Esse seu texto foi, para dizer o mínimo, pusilânime!
Marcelo, excelente!!! Como sempre! Fecho com a Mirian: “já temos muito com que nos indignar na vida atual”.
Incrível. O cara quer começar uma polêmica cretina justamente nos comentários de um texto contra polêmicas cretinas.
Desde que comecei a ler jornal na internet, os comentários dos leitores me assustam muito mais do que as notícias.
Não me resta mais esperança.
Pois é, Edefaria. Alguém deve ter esquecido de lhe avisar que o mundo e as pessoas vez por outra não cabem mesmo dentro dessa compulsão contemporânea pela excelência e perfeição. Bem-vindo (a) ao mundo de carne e osso!
Acho que o Edefaria só queria mesmo era um pouco menos de cretinice, ignorância e preconceito.
Marcelo, “para bom entendedor meia palavra basta”. Sabemos de quem se trata. Eu diria, um narciso sem recuperação. O que me admira é que a Folha insista nesses tipos estranhos; pois eles não nos convencem, não aguçam nossa imaginação, só nos causam repúdio!E não se trata só dele não. Tem cronista que perdeu a mão o humor, a educação e o respeito pelo leitor. Só diz bobagens. Eu diria que pirou sem se dar conta. Mas e a Folha o que faz sôbre isso?
Além do que está se tornando tendenciosa. Se não existissem outros colunistas sérios, não sei o que seria de nós. Mas isso já está transbordando. Estamos questionando a Folha e não esses medíocres pseudo-colunistas.
Bjo. e faça alguma coisa pela nossa fidelidade à Folha. Escrever ao ombudsman não resolve. Não há resposta. Já temos muito com que nos indignar na vida atual. Não precisamos desses colunitas.
Pois é, Marcelo. Talvez o “x” da questão resida no quê seriam essas “discussões bem melhores” mencionadas no seu post.
Talvez elas tivessem que partir do pressuposto de leitores ‘bem melhores’; ou quem sabe das escolhas de polemistas muito ‘melhores’; pode ser. Talvez. Não sei.
Veja meu caso, por exemplo, que certamente não será o único: sou leitora da Folha , que toda santa-segunda-feira, publica artigos do Professor Luiz Felipe Pondé, que chegou escrevendo de mansinho e de tempos para cá ,resolveu descer o porrete na classe-média( e isso, aliás, ameaça virar febre em outra coluna da Folha on line ); que descontextualiza Nelson Rodrigues, para dizer, por conta própria, que ‘mulheres têm vocação para prostituição”, muito embora ele tenha sido parido por uma –mulher– e tenha se casado com outra— mulher—, e por aí , escada abaixo.
Da última vez que consegui terminar a leitura de um texto da nobre lavra do sábio, culto e douto professor, me senti penalizada, porque parece que as palavras do mesmo apontam mais para algum distúrbio psicológico quiçá psiquiátrico não tratado , do que para um escrito jornalístico. Coisa que aliás, uma fatia de nosso meio acadêmico considera sinal de genialidade; quando não, um verdadeiro pré-requisito para o exercício da intelectualidade e mais que depressa resolvi, que produtivo mesmo, era passar para a parte de alguns questionamentos, como por exemplo:
Quais a real posição do Jornal entre grosseria e liberdade de expressão?
Não sei.
Qual o tamanho do poder de proteção ao leitor por parte da ombudsman, nesse caso? Não sei.
O quê deseja Otávio Frias para o Jornal? Não sei.
O quê significa o contingente feminino no universo do leitorado para o Jornal?
Não sei.
Qual o papel do conselho editorial do Jornal?
Não sei.
Porque o Datafolha nunca é chamado para ouvir as considerações do leitor ao Jornal?
Também não sei.
Tudo o que sei, se é que sei, é que o Jornal precisa deixar a frieza do negócio de lado em determinadas ocasiões, nem que seja para bater de frente com determinados colunistas, que priorizam a própria vaidade em detrimento do compromisso real com o respeito devido ao ser humano ,esse habitante da pele, que frequenta à todo e qualquer leitor.
É a onda do politicamente incorreto reacionário, que quer criticar o bom-mocismo do politicamente correto, mas acaba tendo o tiro saindo pela culatra, pois a discussão não se torna mais rica: pelo contrário, a discussão se torna tão ou mais pobre do que aquele bom-mocismo. É o polemizar por polemizar – quem sabe, levianamente, para atrair os holofotes muito mais do que para enriquecer a discussão sobre tal assunto. O pior de tudo é quando esse discurso reacionário recebe o status de “humor”, como se a polêmica, já vazia em si, valesse a piada.
Sejamos bem vindos, todos, a um Estado capitalista e sensacionalista. Tudo vira pauta, para programas televisivos, periódicos ou outros meios de comunicação. Mídia séria tornou-se ultopia. Vive-se de contos e não mais de notícias!
Como dizia minha velha vó: “diga me com quem tu andas,….”. Triste, para dizer o mínimo.
Abs
O “não vou citar nomes” é covardia de sua parte, caro Marcelo. Pode dizer que é para não alimentar uma nova polêmica (“cretina” talvez, na sua opinião), mas é uma visão que apenas convém a você.
Seu uso do Holocausto também soa mal e é um artifício estranho. É o uso proposital de assunto quase tabu apenas para reforçar a sua tese, quando tenho a intuição de que sua queixa é sobre algo não tão polêmico assim. Mas serve para reforçar a sua visão e defender apenas uma linguagem estabelecida dentro de assuntos estabelecidos.
Mas apenas posso intuir, já que seu post, sorrateiramente, não cita nomes.
Já está na hora de a Barbie portuguesa, que defendeu, com a baixeza de costume, a invasão do Afeganistão, o fechamento de espaços para homens e mulheres gays nos exércitos, ser contra o casamento dos outros – o casamento gay; e a madame filósofa, que acha ser todas as mulheres prostitutas (menos, claro, a mulher e a filha dele… aliás, a mulher de madame não se manifesta? É muda?) escreverem para a revista Veja, depósito desse tipo de caneta-imundície. Essa gente distribui o ódio gratuito e infundado, e depois vem latir em favor da liberdade de expressão: como se fosse bonito e legal ofender gays, pretos e mulheres. Boa, Marcelo!
“que a Inquisição Espanhola não foi tão má assim”
Só no dia 11 de setembro Osama Bin Laden foi responsável pela morte de mais gente do que Torquemada durante toda sua carreira de décadas na Inquisição. Não, não é revisionismo/negacionismo meu. Basta procurar no Google e no Wikipedia.
Olhe no site do FBI e verá que Bin Laden sequer foi indiciado ou acusado pelo 11/09. E não faça comparações esdrúxulas.
Oi,Marcelo! Providencial sua observação sobre a ‘arte da polêmica ccretina”!
Interessante: em todo o texto tive a impressão de que só faltou o nome do boi: Luiz Felipe Pondé. Sou o leitor neutro que percebe as falhas de caráter daquele sujeito e que reconhece a polêmica que ele suscita, às vezes no nível Z. Mas ainda assim, gosto de que ele fale, ele é politicamente incorreto sem ser do stand up comedy – apesar de ser risível às vezes -, o que deve querer dizer alguma coisa.
Desculpe, mas não entendi onde o articulista quis chegar! Parece faltar uma conclusão. É pra ser assim mesmo? Criar polêmica com o artigo? rs
A tática publicitária que foi consagrada pelo Sílvio Santos chegou aos jornais há muito tempo. Um correspondente polêmico que viveu durante anos em Nova York (nao vou citar nomes) adotava essa estratégia que hoje é praticada sem qualquer discrição. Não estamos diante de um fato novo.
Mas os colunistas não deveriam ser o alvo. Se seus textos são cretinos, o que dizer dos veículos que publicam seus textos?
um abraço,
Andre.
Ta, entendo. E fico aqui pensando: “E como dispensar um polemista, raça rara, em tempos politicamente corretos?…”
nem precisou citar os nomes, já tenho 2 suspeitos…
Para mim, esse é o espírito do jornal em que esse professor X expõe suas “polêmicas”, ou seja, um jornal que se quer lido por muitos, e assim, pouco se aprofunda nas polêmicas, porque deseja desenhar um perfil “democrático”, para si. O problema é que é gerada muita bobagem impressionista, cuja leitura, sinceramente, não leva a nada. Preferível ler outra coisa.
Muito legal, isso. Acho que vou traduzir para o inglês
QUE ALFABETO! QUE ALFABETO!!!!
Para ser impresso e colado nas paredes da redação. Toda redação.
O pior meu amigo é que não falta idiota comprando e dando “ibope” a esses pasquins de 15ª categoria. Os leitores refletem o nível da revista e vice versa. Eles se merecem! Quem para pra ler coisas sobre “petralhas” ou “tucanalhas” é porque gosta da baixaria. Uma revista que se presa não se prende a essas baixarias. Alias, a imprensa internacional disse que a VEJA é uma revista de FOFOCAS…As outras não ficam atras…
O comentário é perfeito e faria muito bem às redações de alguns jornais (não preciso citar nomes).
ou seja, polêmica pela polêmica.
no fim e no fundo, não mundo diferente de outros jornais apelativos. o apelo é outro, mas o motivo é o mesmo: vender mais jornal (ou vender mais a coluna, como quiser). e dê a vender a conotação que quiser: mais acessos pela rede, mais burburinho, mais qualquer coisa que deixe em evidência autor/publicação.
“Gente, não vou citar nomes, mas é o Pondé, tá?”
Hahahahahah! Pensei o mesmo….