Futebol sim, bebida não
20/03/12 16:56Não sei se levaria meus filhos para um jogo da Copa do Mundo; provavelmente não. Aliás, se depender de mim, quero passar essa Copa bem longe do Brasil, num lugar que não tome conhecimento de futebol. Canadá, quem sabe.
Mas falo como um pai que leva os filhos a estádios de vez em quando. Como eles têm 8 e 10 anos, procuro ir a jogos sem grande relevância.
O ambiente é tranquilo e pacífico.
Agora, se estivesse liberado o consumo de bebida alcoólica nesses jogos, nem morto levaria meus filhos para assistir.
Já é bastante o grau de intoxicação que o jogo em si pode provocar nas torcidas. De longe, num jogo desses, vi membros de uma torcida organizada brigando entre si.
Imagine com muitas cervejas na cabeça o que poderia acontecer… Se permitissem bebida nos estádios, de minha parte proibiria meus filhos de ir ao jogo.
De resto, cada país que tenha suas tradições. A vuvuzela na África do Sul foi um inferno para o mundo inteiro. A proibição do álcool nos estádios brasileiros seria o “incômodo” ao qual torcidas estrangeiras teriam de se acostumar.
Paixão e diversão misturados; começando na infância. Não tenho distanciamento para criticar o futebol ( jogado por diversão, ou assistido.) Sem ele e o cinema, costumo dizer, a minha vida teria sido bem menos divertida.
Das grandes batalhas futebolísticas que assisti, nenhuma me marcou tanto, quanto o Brasil e Inglaterra na Copa de setenta; disputa linda, cruel, ríspida; em cada centímetro do gramado, em cada minuto aflitivo. O Brasil ganhou, mas a Inglaterra poderia ter ganhado; ou o jogo terminar empatado. A imagem esportiva mais bonita que eu lembro, foi a do final desse jogo: O grande capitão Bobby Moore abraçando o Rei Pelé; os dois trocando, com honra e esportividade, as camisetas.Se o futebol, como disse George Orwel, é a “continuação da guerra por outros meios”, no final de cada partida, entre mortos e feridos, todos se salvam.
P.S. Bebida, violência, comportamento irracional das massas, é assunto para a Psicologia;aliás, de passagem, Freud foi pioneiro, também nos estudos da psicologia coletiva.
Perfeito Marcelo.
Caro Marcelo, também se pudesse queria estar a milhas e milhas de Km dessa coisa de copa do mundo, o povo fica “abestado” com isso, nunca vi…mas tem um detalhe importante, aqui em Bh por exemplo se não fosse essa copa a cidade já teria parado com seu trânsito maluco, mas o povo tem o futebol que merece…
Eu vejo na cidade onde moro, em Hamburgo, como os jogos podem, sim, ser pacíficos e divertidos. Álcool nao é o problema, e sim a disposicao a ser violento. Eu pensava agora há pouco que o problema é o fanatismo da torcida, mas vejo os torcedores do time St. Pauli – mais fanáticos que esses nao há, e vejo a convivencia de todos no estádio, mulheres, criancas, adultos. Acho que o foco está errado. Se os times fizessem campanhas contra a violencia nos estádios, por exemplo, tudo poderia ser mudado, e com a ajuda da torcida. Espero que pensem nisso até a chegada da copa do mundo.
Os estádios na Europa ocidental são tranquilos pq os preços são proibitivos pra maioria dos hooligans. As brigas de torcida ficam concentradas em torno de pubs e em lugares mais desertos onde as torcidas marcam de se encontrar exclusivamente pra brigar. Quem vai em jogo é ou torcedor com dinheiro, ou turista. É uma questão de exclusão da classe operária, tradicionalmente associada ao hooliganismo.
Li, logo que publicado e há alguns dias, o seu post sobre -todos sabemos- Pondé. Meu ímpeto imediato foi escrever-lhe, mas a decepção foi tão grande que hesitei em fazê-lo. Acompanho-o entusiasticamente há muito tempo, e lembro ainda hoje de artigos que me pareceram pequenas obras-primas, como aquele sobre o boneco do macdonald’s estilhaçado em rebelião na frança, por exemplo. Lembro também das discussões travadas entre você e Mainardi e Reinaldo Azevedo. Nessas ocasiões você me parecia estar com a razão, uma vez que as críticas lançadas por aqueles jornalistas eram pessoais e indubitavelmente ofensivas, muito embora, penso comigo, Chistopher Hicthens faça o mesmo na imprensa anglófona sem maiores traumas. De qualquer forma, essa crítica -não há como evitar o uso do termo- mentirosa, enviesada e, ela sim, preconceituosa, irrogada contra um colega de trabalho e, o mais inusitado, na condição de membro do conselho editorial da Folha!, é, na minha concepção, um desvio ético muito grave. Você, autor de belos textos -como aquele sobre Sartre e Aron, para lembrar outro, veio deliberadamente a público e pediu a cabeça de um articulista cujo único pecado foi não comungar das mesmas ideias que você. Continuarei a lê-lo com admiração, mesmo porque você tem um texto enxuto, linear, cuidadoso, sem dúvida dos melhores do jornalismo cultural; entretanto, a pisada na bola parece confirmar a tese de alguns colunistas de direita no sentido de que os progressistas brasileiros propalam com regozijo a defesa da liberdade de manifestação do pensamento, desde este se coadune com o albergado por eles mesmos -os progressistas. É a volta do “crimepensar”, de Orwell.
Caro Marcelo, como um típico representante da “inteligência” paulista voce apenas disse o óbvio. Voces não gostam do Brasil, foram contra a COPA no Brasil, e agora estão transformando em cavalo de batalha a liberação de bebidas alcóolicas nos estádios durante a copa. Simples assim. Torcida de jogos da copa não é a mesma dos outros jogos de futebol. A copa dura só 30 dias.
Seja menos falso, diga apenas: não gosto Brasil.
Raimundo Wilso
Eu tive uma visão nesse momento. Vi Marcelo Coelho saindo da Folha e assinando com o Estadão.
Vuvuzela, a pior invenção do mundo.
Marcelo,
Sou leitor assíduo do blog e de sua coluna na Ilustrada, mas discordo de você nesse tópico. Creio que a proibição de venda de cervejas no estádio é hipócrita e moralista. Hoje o consumo é proibido e o que ocorre? Esquenta na porta dos estádios (vendem-se não apenas cervejas, mas garrafas de vinho e destilados a preços módicos). Além disso, creio ser essa tentativa de proibição mais uma daquelas sanhas moralistas e controladoras que adoram culpar as substâncias pelos erros dos indivíduos. Que se punam os brigões e violentos, e não toda a torcida pelo comportamento de meia dúzia de lunáticos.
Concordo inteiramente.Tenho dois filhos, de 12 e 10 anos, e só vou a jogos “tranquilos”.Levei-os a São Paulo X Portuguesa.Contra o Santos não;com bebida não iria nem em São Paulo X Catanduvense.
Embora eu seja fanática por esportes, nesse aspécto,concordo totalmente com vc. Costumo acompanhar todos os esportes, principalmente os campeonatos europeus. E, morro de inveja de ver por lá os estádios lotados, em que senhoras,como eu, podem apreciar o esporte com a maior tranquilidade. Claro que há excessões, mas bem mais raras. O que deveriam fazer aqui é uma campanha do esporte do “bem”. E, Marcelo sugiro também, que a Folha deveria se lançar numa campanha, como a antiga “Não faça de seu carro uma arma”. Estamos presenciando um absurdo
de violência nos esportes, nas ruas, e tb. a matança sem limites por atriopelamentos.