A mentalidade conservadora
19/05/12 15:54Por mais que se diga, termos como “esquerda” e “direita” continuam a fazer sentido, embora o sentido não seja o mesmo que há 50 anos.
Prova disso é que, com poucas exceções, a palavra “direita” ainda tem uma conotação injuriosa –e em geral se prefere o termo “conservador”.
De modo que, hoje, quando alguém se diz (ou é chamado de) “conservador”, sabemos se tratar de um “direitista”. A favor dos grandes negócios, da mínima intervenção do Estado na economia, da indústria armamentista, da “dureza” contra os adversários, da ideia de que a competição, mais do que a solidariedade, estão inscritas na natureza humana.
Enfim, não estou definindo nada com grande precisão, mas também não estou forçando o significado da palavra “direita”.
Nem sempre o “direitista” é sinônimo, entretanto, de “conservador”, ainda que hoje em dia as coisas se confundam cada vez mais.
Na década de 1950, nos Estados Unidos, pode-se dizer que em certo sentido pouquíssima gente era “conservadora”, embora houvesse direitistas às pampas; mesmo a esquerda, em sua maioria, estava plenamente engajada num anticomunismo sem paralelo com o que acontecia no ambiente europeu.
O conservador americano nos anos 50 poderia, por exemplo, ser bem mais ecológico, amigo das tradições rurais e crítico do consumismo –enquanto para a direita anticomunista a grande indústria, o consumo, a “vida moderna” era o de mais precioso a defender.
É nesse contexto que surgiu, em 1952, o livro de Russell Kirk, “The Conservative Mind”, que em breve sai no Brasil pela editora É Realizações, com o título “A Mentalidade Conservadora”.
Segundo o prefácio, ninguém acreditava que tal panorama do pensamento conservador, “de Burke a Santayana”, como diz o subtítulo, fosse ter muito impacto na vida intelectual americana.
Mas foi, pelo que leio, uma espécie de “chamado às armas”, destacando que havia algo de respeitável nos argumentos antiquados de Burke e companhia.
Minha impressão é que, nos anos 50, não havia muita necessidade de se ser conservador, quando o anticomunismo unificava as mentalidades americanas.
Extinto o comunismo, a direita pôde ser mais liberal (desestatizante) e assestou suas armas contra a social-democracia, o welfare state, as conquistas sociais alcançadas a partir dos anos 30, e em especial durante a Guerra Fria, nas democracias ocidentais.
Aí os argumentos conservadores passaram a ter mais interesse: a própria crítica à democracia, ao voto universal, reaparece nos neoconservadores, uma vez que não se tem mais a ditadura soviética para combater.
O livro de Russell Kirk é muito interessante, bem escrito e útil para se saber a origem do pensamento, tão em voga atualmente, de que a igualdade, a liberdade e a fraternidade são balelas, que a última palavra sobre o homem foi pronunciada com a lenda do pecado original, etc.
À medida que eu lia, fui notando contradições e maluquices em tudo isso, mas vou comentando aos poucos.
Tipo, “segundo o pensamento conservador, Adão e Eva foram expulsos do Paraíso e por isso eles acreditam que a humanidade não pode melhorar”
O QUE É ISSO, COMPANHEIRO??? Você diz como se a sociedade e as pessoas não mudassem em governos de direita. Isso não é verdade! E assumir que o ser humano não é perfeito e tem seus defeitos não significa que ele não possa mudar para melhorar! E pensar assim não significa ser de esquerda necessariamente.
“a própria crítica à democracia, ao voto universal, reaparece nos neoconservadores”
Do que que você está falando? Eu NUNCA li em lugar nenhum que haja nos neoconservadores posições contrárias à democracia (no sentido concreto do termo: multipartidarismo, eleições regulares e liberdade de expressão) nem ao voto universal!
“para se saber a origem do pensamento, tão em voga atualmente, de que a igualdade, a liberdade e a fraternidade são balelas”
Do que que você está falando? Você está acusando todo mundo que não é de esquerda de ser partidário do regime colaboracionista de Vichy e do Petain? A Revolução Francesa nunca foi a respeito de estabelecer um monopólio da esquerda e do socialismo — tanto é que o defensor-mor da volta do “Liberté, Egalité et Fraternité” à França foi ninguém menos que o general Charles de Gaulle, um dos co-fundadores da OTAN e da Comunidade Europeia!
A nada menos que 7 anos atras o Olavo de Carvalho já alertava sobre o ambiente “intelectual” brasileiro, que rende coisas como esse artigo deprimente. http://www.olavodecarvalho.org/semana/050815dc.htm
O sujeito é articulista do maior jornal do país e solta essas pérolas. Lamentável é pouco. Falta estudo (e sobra arrogância), como disseram ai .
Caro Marcelo,
São louváveis os seus esforços para compreender a “direita” ou o “conservadorismo”, mas creio que, se pretende fazer um bom trabalho, deve se aprofundar mais no assunto antes de começar a escrever com base em suas “impressões”.
Tentando ajudá-lo nesse esforço:
Primeiramente, é necessário ter em mente que existem pelo menos 3 classificações diferentes para o que se convencionou rotular simplesmente como direita ou conservadorismo no Brasil. Tradicionalmente na Inglaterra, por ex., conservadores são monarquistas e os liberais não se dizem de esquerda ou direita, mas fora ou acima dessa polaridade. Já nos EUA, os conservadores vão dos de economicamente liberais aos protecionistas nacionalistas, a social-democracia é chamada de “liberalism” e o que chamamos de propostas liberais se encontram diluídas e com diferente relevância entre os chamados “paleocons” , “neocons” e os libertarians, que, em geral, são anarco-capitalistas (vide Ron Paul).
Algumas referências que talvez lhe interessem:
1. Sobre a diferença entre conservadorismo europeu e americano: http://www.worldandihomeschool.com/public_articles/1986/october/wis11532.asp Tenho cópia desse artigo. Caso queira, repasse-me um contato para que lhe envie. É muito esclarecedor. Diferentemente do que ocorre nos EUA, a direita européia tende a não ser religiosa e gosta de Nietzche.
2. Os conservadores americanos se dividem, grosso modo, em paleocons e neocons. Aqui http://www.weeklystandard.com/Content/Public/Articles/000/000/003/000tzmlw.asp o fundador do neo-conservadorismo procura dar uma definição do que seja isso. Aqui Gary North http://www.lewrockwell.com/north/north180.html, um importatíssimo paleocon faz uma análise do neoconservadorismo. Esse outro artigo dele sobre neoconservadorismo talvez lhe seja de interesse também: http://www.lewrockwell.com/north/north355.html. Gary North também lançou uma série de DVDs sobre a história do conservadorismo americano http://garynorthinstitute.com/wordpress/?p=9, da qual ele mesmo participou.
3. Os libertarians se concentram no http://www.lewrockwell.com, no http://www.mises.org e, aqui no Brasil, no http://www.mises.org.br, e sua importância cresce a cada dia.
4. Aqui uma interessante crítica de Aleksander Dugin – guru de Putin que debateu recentemente com Olavo de Carvalho – ao conservadorismo: http://www.evrazia.info/modules.php?name=News&file=print&sid=4182
Tenho mais referências – inclusive de “conservadorismos” que chocariam os “conservadores” brasileiros, que geralmente ignoram o que anda ocorrendo lá fora (como, por exemplo, dos novos rumos do conservadorismo inglês) -, mas as colocarei aqui caso você diga que se interessa.
Abraço,
Muito obrigado, Caio! Vou imprimir essas referências e fico aguardando mais. Abraço.
Olá. Espero que os links estejam ajudando a compreender melhor a complexidade do que seria “a direita” ou o “conservadorismo” americano. Vou contribui com mais alguma coisa:
1. Sobre Kirk:
Esqueci de dizer que existe The Russell Kirk Center http://www.kirkcenter.org/ e que ele era eminentemente anti-belicista, criticando o Bush pai pela Guerra do Iraque http://www.lewrockwell.com/woods/woods69.html. Aliás, fiquei sabendo que, segundo sua filha, quando do lançamento do livro do pai pela É Realizações, ele sempre votou mais nos democratas do que nos republicanos, e se criticou a Guerra do Vietnam – o que deve deixar muito conservador brasileiro seguidor de Olavo de Carvalho de cabelo em pé!).
Então tem de se tomar cuidado para não criar estigmas, sobretudo quando o democrata Obama está em mais frentes de guerra do que o Bush filho esteve, mas totalmente blindado de críticas por parte da imprensa.
2. É preciso diferenciar o que é o “conservadorismo popular” americano (uma mistura de valores predominantes na época da revolução americana – moral cristã, livre comércio, republicanismo, constitucionalismo, etc. – com o fundamentalismo cristão e seu discurso moralista, pré-apocalíptico e pró-Israel), e que acaba servindo como base eleitoral para as pretensões geopolíticas “hawkish” dos neocon, por exemplo, e o “conservadorismo acadêmico”, seja paleo ou neocon, que são vertentes intelectuais sofisticadas, mesmo que se discorde delas. David Horowitz, influente intelectual neocon da http://www.frontpagemag.com, por exemplo, tentou articular uma proposta de “união civil de pessoas do mesmo sexo” que cuidasse da questão de bens e seguro médico de casais gays, mas evitando igualá-la ao casamento. O povão conservador americano – ou os evangélicos brasileiros – não tem nem a sofisticação intelectual para entender a diferença entre uma coisa e outra. Então o discurso de um político conservador americano mais versado no pensamento conservador não expressa necessariamente suas convicções pessoais, mas o que o povão quer ouvir. Ou seja, muito do conservadorismo moral dos políticos conservadores não tem nada a ver com o conservadorismo em si, mas com a realidade das urnas.
3. O liberalismo econômico se mistura mas não é exatamente a mesma coisa que conservadorismo. Os conservadores americanos vão de uma atitude aberta ao comércio internacional ao protecionismo nacionalista, que defende um “liberalismo intranacional”, por assim dizer, e o “buy American first”. Uma crítica comum dos conservadores americanos ao governo Clinton foi sua abertura aos importados chineses, que teria destruído o setor industrial nos EUA, tornando-o dependente justamente do antigo inimigo, a China.
Quanto ao liberalismo econômico em si, seus teóricos não são necessariamente conservadores. É difícil dizer que Milton Friedman ou Roberto Campos, por exemplo, eram conservadores. E não se deve esquecer do debate entre Roberto Campos e Eduardo Suplicy nas páginas da Folha, quando aquele demonstrou a esse que a “renda mínima” era uma proposta da Escola de Chicago. O senador petista acabou admitindo isso.
4. Outra questão em relação aos liberais é que os defensores da escola austríaca (www.mises.org, http://www.mises.org.br, http://www.lewrockwell.com) não só se destacam por seu anti-belicismo (um dos mais importantes sites anti-belicistas é o http://www.antiwar.com, de um libertarian da escola austríaca), como sempre advertiram contra o conluio entre estado e big business. Ao contrário do que se imagina frequentemente, os liberais não são contrários somente ao estado grande (e, no caso dos anarco-capitalistas, ao próprio estado). Um de seus principais argumentos é que o estado acaba sendo usado para beneficiar a burocracia estatal – crítica que qualquer trotskista compreende e com a qual tende a concordar – e as grande empresas, que se livram assim dos riscos da concorrência. Estado mínimo seria também sinônimo de mínima manipulação da economia por grupos econômicos.
Lembro-me de que há vários anos, quando estava em voga a onda neoliberal no Brasil, Nelson Motta fez uma defesa do liberalismo econômico dizendo que era melhor perder o emprego em uma fábrica do que ficar fazendo aquele tipo de trabalho e ganhando pouco. Bem… isso é argumento de quem só conhece o liberalismo de orelhada. São poucos os liberais com um viés tão “darwinista”. O que os pensadore liberais geralmente defendem é que uma baixa carga tributária e o não-endividamento do Estado possibilitam que o capital excedente seja investido pela iniciativa privada na área produtiva, aumentando a riqueza e automaticamente inflacionando o preço da mão-de-obra, ou seja, distribuindo renda e enriquecendo os trabalhadores. Eles entendem a força de trabalho como uma commodity, com seu valor variando de acordo com as leis de oferta e demanda. Quanto mais investimento, maior a demanda por mão-de-obra, e mais valorizada ele se torna. A idéia não é o darwinismo social do “survival of the fittest”, mas de uma prosperidade que até o “UNfit” seja demandado. Pode-se questionar essa idéia, mas não se pode descaracterizá-los.
5. Até os 30 anos, mais ou menos, minha leitura nessa área se restringia sobretudo ao trotskismo e à social-democracia. Com a internet, passei a descobrir e me aprofundar no conservadorismo e no liberalismo, o que me permitiu ter uma visão melhor das nuances desses conceitos. Um erro comum, no entanto, é pensar que existem somente essas vertentes de pensamento político e econômico. Ora, isso é ser meio que um “caipira histórico”, como se as categorias em que o debate pode se dar se restringissem àquelas surgidas na modernidade, com o estabelecimento do capitalismo industrial e o estado-nação: capitalistas vs. proletários, democracia vs. ditadura, livre comércio vs. controle estatal, etc.
Como eram a economia e a política antes da Modernidade? Será que elas têm algo a dizer para nós hoje em dia? Sim, segundo o movimento muçulmano dos Murabitun e os distributistas ocidentais, que olham respectivamente para o modelo de Medina e para as práticas da Idade Média, sendo que há enorme coincidência nas duas propostas.
Detendo-me mais especificamente no distributismo: esse é um movimento que surgiu sob inspiração de Chesterton e Belloc, que criticavam tanto o socialismo – com seu centralismo estatal – como o capitalismo – com sua concentração de renda e proletarização da mão-de-obra – e tomavam como referência a Idade Média européia. A idéia básica, na esfera econômica, é de que propriedade privada é uma coisa boa, mas não só para meia dúzia: quanto mais pulverizada, melhor (daí o termo distributismo). E, na esfera política, eram contrários ao gigantismo estatal, defendendo a pulverização do poder político através do princípio da subsidiariedade. O distributismo acabou sendo adotado pela Igreja Católica na forma da Doutrina Social da Igreja, a Encíclica Rerum Novarum http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_15051891_rerum-novarum_po.html.
O melhor do pensamento distributista pode ser visto aqui: http://www.distributistreview.com. Mas qual a relevância disso? É que parece que essas idéias estão tomando força tanto no mundo islâmico como no Ocidente. O “guru” de David Cameron, Philip Blond, é um distributista, e isso tem virado políticas públicas na Inglaterra (o projeto da Big Society de Cameron http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2009/jul/02/new-conservatism-cameron). Blond é fundador do think tank distributista http://www.respublica.org.uk. Quando lançou o think tank, ele falou sobre “The Future of Conservatism” http://www.respublica.org.uk/item/SPEECH-The-Future-of-Conservatism-dqac-zjyf.
Philip Blond tornou-se conhecido na Inglaterra ao publicar esse artigo na Prospect http://www.prospectmagazine.co.uk/magazine/riseoftheredtories/#axzz1wSSy4D9d em que defende o que chama de Red Toryism (ele escreveu também um livro sobre isso). Destaco desse link:
British conservatism must not, however, repeat the American error of preaching “morals plus the market” while ignoring the fact that economic liberalism has often been a cover for monopoly capitalism and is therefore just as socially damaging as left-wing statism. Equally, if Conservatives are to take power from the market state and give it to the people, they must develop a full-blooded “new localism” which works to empower communities and builds new, vibrant local economies that can uphold the party’s civic vision.
Ele desenvolve mais essas idéias nesse vídeo http://distributistreview.com/mag/audiovideo/video-2/, sobretudo depois da primeira meia hora.Nesse trecho http://www.youtube.com/watch?v=-PK6w5lqe9A de um debate sobre a crise mundial (há um outro link da íntegra do debate), ele defende “a Catholic economy” como solução para os problemas do capitalismo.
Os distributistas defendem a subsidiariedade, o localismo e o retorno das antigas guildas. Esse artigo me esclareceu muitas dúvidas que eu tinha sobre suas idéias: http://distributistreview.com/mag/2011/04/capitalist-monopolies-vs-distributist-guilds/.
Esses dois links abaixo falam sobre o cooperativismo e a restauração do sistema de guildas no atual governo britânico:
http://respublica.org.uk/item/The-true-Tory-progressives-xebq-poaj
Furthermore, Cameron is a fan of the cooperative and guild movement – which should impel him towards supporting local economies so that small businesses can link together and successfully compete to ensure a wider diversity of supply, ownership and innovation. Indeed, he has already spoken of creating an advantageous tax and regulatory regime to tip the balance back in favour of the local retailer.
http://www.ft.com/intl/cms/s/0/92342f70-2722-11e0-80d7-00144feab49a.html#axzz1lHbPXtde
…John Hayes, the skills minister, cited Richard Wagner’s opera, in which the drama takes place in and around a guild of poets and musicians in the 16th century. He said the guild system was at the “heart of my thinking”.
He wants a hierarchy of titles for people with high-level technical skills, as still exists in academia. Mr Hayes aims to “build a system of fellows and masters” in vocational training.
In an interview with the Financial Times, he said: “We still hear the terms used. We think of master craftsmen and master-classes. The imagery is very much rooted in our consciousness. We’ve just taken away the public policy which matches the expectation.”…
…Mr Hayes is an enthusiast for traditional practical learning, and keeps a portrait of William Morris, a leader of the Victorian arts and crafts movement, on his desk. “I want us to understand the beauty of craft,” he said.
Sector skills councils, trade bodies that design professional qualifications, will take on the role of the guild. They will accredit
a new range of higher skills qualifications and recognise companies that train employees to a high level. Such companies will be given the status of incubators of master craftsmen. Accreditation as an employer and trainer of highly skilled people could be a valuable marketing device, Mr Hayes said…
6. Voltando ao meu outro comentário, eu havia passado um link sobre a diferença do conservadorismo europeu e americano, mas ele tem acesso pago. Tomei conhecimento dele por um outro link, gratuito porém já não mais disponível, mas que consegui acessar agora através do http://www.archive.org: http://web.archive.org/web/20081007103704/http://www.worldandi.com/public/1986/october/mt10.cfm
7. Quanto à direita francesa, recomendo a leitura do sofisticadíssimo Alain de Benoist, fundador da Nouvelle Droite (ele mesmo não gosta de ser chamado de direitista, pois isso o identifica erroneamente com a direita anti-européia francesa ou com o conservadorismo europeu). Li alguma coisa dele que baixei da internet. Há muita coisa em seu site pessoal. Não leio francês muito bem, mas o que li dele em inglês é de ótima qualidade, como esse texto sobre o que é soberania http://www.alaindebenoist.com/pdf/what_is_sovereignty.pdf e sua análise da validade e limites da democracia http://www.alaindebenoist.com/pdf/democracy_representative_and_participatory.pdf . A propósito, ele é anti-cristão e pró-paganismo http://www.amazon.com/On-Being-Pagan-Alain-Benoist/dp/0972029222, o que deve fundir a cabeça de qualquer conservador americano ou brasileiro.
Espero que esses links ajudem.
Abraço,
Ops:
Vou contribuiR com…
e QUE criticou a Guerra do Vietnam…
Esse negócio de defender os “grandes negócios”, o livre mercado, o consumismo, etc. não tem nada a ver com conservadorismo.
Qualquer um vê que o avanço do capitalismo desenfreado tem contribuído para a degeneração dos valores no Ocidente.
Muito mais importante do que o progresso material, do que os prazeres e a felicidade terrena, é o progresso espiritual, ignorado tanto por socialistas quanto por liberais, que não acreditam em vida após a morte e por isso julgam o ser humano como um mero animal.
Vale mais a pena viver uma vida simples, porém honrada, junto à família, cultivando bons hábitos, à uma vida de fartura mas pobre espiritualmente.
Certo, André! O problema, pelo menos nos Estados Unidos, é ver que muitos candidatos tipo Sarah Palin são conservadores quando falam de “valores familiares” mas não são nada críticos com relação ao sistema econômico.
Eu não sou exatamente um fã de Sarah Palin, mas cuidado, Marcelo, para não cair em clichês. Com uma breve “googlada” eu achei isso sobre ela:
http://www.nytimes.com/2011/09/10/us/10iht-currents10.html
…She made three interlocking points. First, that the United States is now governed by a “permanent political class,” drawn from both parties, that is increasingly cut off from the concerns of regular people. Second, that these Republicans and Democrats have allied with big business to mutual advantage to create what she called “corporate crony capitalism.” Third, that the real political divide in the United States may no longer be between friends and foes of Big Government, but between friends and foes of vast, remote, unaccountable institutions (both public and private)…
Bem interessante, Caio!
“pensamento, tão em voga atualmente, de que a igualdade, a liberdade e a fraternidade são balelas”
Esse trecho, vazado em termos grosseiros e simplistas, talvez revele que a crítica não será feita de boa-fé…
Continue lendo os próximos posts, porque alguns dos conservadores analisados por Russell Kirk dizem isso mesmo.
“Lenda do pecado original”?Bem… a Bíblia fundou a literatura , o pecado original , para os que não são religosos, é uma metafora da condição humana mais do que uma lenda , a não ser que se acredite na lenda que ” o homem nasce bom , a sociedade…”
Não quero fazer a defesa dos conservadores , mas se eles dizem tolices , não dizem mais que os utópicos(como J.P.Coutinho chama os “esquerdistas”). A Folha é , ainda , o melhor jornal do Brasil por seus colunistas- brilhantes pela esquerda -Marcelo Coelho , e pela direita – Pondé e Pereira Coutinho.
Está certo, Fernando, é uma metáfora da condição humana, mas uma metáfora imperfeita e utilizada de forma absolutamente mítica, a meu ver, quando se insiste na ideia de que é impossível melhorar o homem. Fica tudo muito simples: como X não é perfeito, a perfeição é impossível, logo, nenhuma melhoria é possível. De fato, a ideia de que o “homem nasce bom” é outro mito; a frase nunca foi dita por Rousseau, aliás –o que tampouco quer dizer que eu ache Rousseau sempre certo.
Talvez Marcelo Coelho devesse ler isto aqui – http://www.dicta.com.br/a-direita-de-marcelo-coelho/
Falta estudo.
Verdade.
Na verdade os conservadores só foram pró-democracia enquanto subsistiu, principalmente no imaginário, o perigo comunista. Findo o bloco soviético, eles tiraram a máscara e passaram à defesa dos regimes autoritários,cuja sustentação passou a ser não os Esatdos, mas o Mercado Financeiro, através do qual efetivamente governam e impõe diretrizes às nações. O que torna, é claro, a direita atual muito mais perigosa do que nos anos 50, apesar de que, naquela época, enquanto ainda defendiam a democracia em seus próprios países, só a utilizavam como senha para instaurar ditaduras pelo mundo afora, com destaque na América Latina, onde praticamente todos os países foram governados por militares ou títeres civis de interesses norte-americanos em jazidas naturais e recursos agropecuários.
pois é, me lembro da brilhante da Chaui definindo o hayek como um neoliberal. hahaha
Prezado Marcelo…
Você não está entendendo absolutamente nada.
A “direita” atualmente se divide em dois grupos, como bem colocou o Jonas em seu comentário. Existem os conservadores e os liberais (entendo-se aqui liberal no sentido que têm no Brasil e na Europa, já que nos EUA liberal quer dizer o mesmo que esquerdista).
Um exemplo mui ilustrativo desta diferença, que você pode ver no Brasil, é a briga que tem entre o Olavo de Carvalho e o Rodrigo Constantino, ambos direitistas, mas o primeiro conservador e o último liberal.
Acompanhe a briga deles para você saber a diferença entre uma coisa e outra.
E no caso americano é a mesa coisa. Nas primárias do partido republicano ficou nítida a divisão do eleitorado direitista. Os conservadores americanos (Tea Party, evangélicos, sulistas e etc) preferiam o Rick Santorum ou o Newt Gingrich, mas mesmo sendo a maioria dentro do GOP, esta divisão em dois candidatos abriu as portas para a vindoura nomeação de Romney, que é um direitista, mas de modo algum um conservador, e sim aquilo que chamamos aqui no Brasil de liberal, ou que os americanos conservatives chamam de moderate.
Entenda também que existe nos EUA um fenômeno chamado de neo-conservatism, e que isto não tem nada a ver com a visão política de Kirk, que para se diferenciar dos neo-cons, passou a ser chamada de paleo-conservatism por seus adeptos.
Por fim, mui embora eu veja que você não consegue entender nada do que o Kirk está dizendo, recomendo imensamente que você leia o principal guru do Kirk que é o filósofo germânico Eric Voegelin.
Leia Voegelin. Só depois disto você estará autorizado a dar pitaco sobre o que é a mentalidade conservadora.
Excelente comentário. Preciso na apresentação dos factos e claro nas ideias.
Marcelo, minha bronca com o uso de direita e esquerda é que os rótulos muitas vezes são distorcidos. Por exemplo: há uma diferença gritante entre conservadores e liberais, apesar de os dois casos serem chamados de direita de forma simplista. Ambos defendem a presença menor do estado e a força da livre iniciativa, porém em termos morais ambos se diferenciam demais: enquanto os conservadores acreditam – contraditoriamente, a meu ver -, que é importante defender e pregar certos valores morais e religiosos, o liberal, ao menos o liberal clássico (o de Adam Smith, Hume, Locke e de austríacos como Hayek e Mises e o americano Milton Friedman) defendem a tolerância e o pluralismo quanto a esses valores. Ou seja, se os conservadores seriam a direita, então os liberais não são. Para explicitar a diferença, sugiro o ensaio “Por que não sou conservador”, de Hayek: http://www.ubirataniorio.org/conserv.pdf
Parêntese: Claro, é preciso fazer a ressalva: para os ingleses e europeus de um modo geral, liberalismo são esses herdeiros de Adam Smith, da escola austríaca etc. Nos Estados Unidos, ser liberal significa ser de esquerda, ou ao menos social-democrata.
Falando nisso, mesmo na esquerda é preciso entender as distinções. Social-democracia e comunismo são coisas diferentes. Enfim, por tudo isso prefiro não falar de direita e esquerda, mas de conservador, liberal, social-democrata, comunista etc. O Tony Judt, de resto um ótimo autor de esquerda, também prefere essa classificação.
Ainda sobre liberalismo, a esquerda criou o rótulo neoliberal para se referir aos liberais de forma pejorativa. Tolice. Os neoliberais não existem, são simplesmente liberais. Afinal, ninguém fala de neocomunista, fala?
Muito esclarecedor o que você diz, obrigado! Li alguma coisa do Foucault distinguindo, com base em leitura cerrada de textos, os liberais dos neoliberais. Acho que foi num dos cursos dele, publicados pela Martins Fontes.
Leu algo em Foucault sobre isso? É brincadeira?
Não, está provavelmente em Nascimento da Biopolítica.
Ué, é por isso que além do eixo horizontal direita-esquerda existe o eixo vertical autoritário-libertário. Os ismos se formam conforme certos critérios são situados nesse compasso: economia, social, os três poderes, etc. http://www.politicalcompass.org/index. Sobre o texto, algo não me soou bem no que ele ainda transpareceu de mais afirmativo. Li uma resposta do Joel Pinheiro no site da Dicta&Contradicta e concordei.