Uma escola na periferia- 2
24/05/12 12:29“Bem vindo ao bairro menos arborizado de São Paulo”, disse-me o professor Daniel, enquanto entrávamos pelas primeiras ruas do Itaim Paulista.
Mas eu estava vendo árvores plantadas nas calçadas, como em qualquer outro bairro de São Paulo.
Tínhamos passado por uma praça simpática, com uma igreja amarela num canto, que aproveitava de modo gracioso a elevação do terreno. Ruas largas; casas simples, mas de modo nenhum miseráveis –algo como um lugar qualquer na Barra Funda. Em geral, são daquele tipo com a entrada para carro ocupando toda a frente do terreno, como se, ao acender os faróis do carro, não fosse preciso acender a luz dentro da sala.
“Bom, escolhi o caminho melhorzinho para te levar”.
Em volta da escola, de fato, as casas já pioravam um pouco, assumindo aquele aspecto de periferia que se vê das marginais: blocos de cimento empilhados sem pintura –ainda assim, a maioria com entrada para o carro. Um ou outro carro, parado na vaga, parecia não estar disposto a sair dali tão cedo, por força de uma total velhice. Mas não era essa a regra.
“Vamos ver se a gente consegue pôr o carro dentro da escola”, disse o professor.
“O estacionamento dos professores costuma estar lotado”.
Não estava; mas para quem pensa que professores da escola pública passam o dia cruzando a cidade de ônibus lotado, o problema do estacionamento era surpreendente.
Claro, estou falando da única escola que visitei, talvez de exceção, mas que existisse uma exceção já era fato espantoso para mim.
O relato continua? Espero que sim, está super interessante!
Muito importante o olhar estrangeiro, faz com que nossa visão cansada se descontamine. É como se estivesse novamente olhando tudo pela primeira vez, um olhar de menina, naïf, sobre uma velha arquitetura.