Uma escola na periferia (3)
24/05/12 16:34A escola municipal de ensino fundamental Henrique Felipe da Costa, vulgo “Henricão”, é um edifício largo e quadrado, ocupando quase totalmente o terreno, de modo que fora de uma quadra não pude ver nenhuma área ao ar livre, com terra ou grama onde os alunos pudessem passar o recreio.
Talvez para compensar isso, todo o interior da escola está pintado de um verde enjoativo, que talvez tenha sido moda nos pronto-socorros da Ucrânia aí por 1980.
Dito isso, tudo estava limpíssimo, em ordem, sem a menor tentativa de pichação.
Fui subindo a escada para o primeiro andar, onde as salas de aula se organizam em volta de um largo espaço interno. Por uma porta entreaberta, uma ou duas crianças me reconheceram: “É o Marcelo Coelho!”
Foi um pouco menos, mas só um pouco menos, do que se Michael Jackson estivesse entrando na escola. “Êêêê!”
Conto isso, claro, porque fiquei contente, mas também porque não há sentido nessas visitas se a escola não prepara um pouco os alunos. Estive numa espécie de turnê pelo interior de São Paulo, visitando algumas escolas estaduais, mas o resultado foi bem frustrante: ninguém tinha lido meus contos infantis, e a sensação de perda de tempo e obrigação foi mútua.
Desta vez, foi diferente. Uma aluna de onze anos já tinha lido “Minhas Férias”, e foi aí que a ideia do convite começou. Falei um pouco na classe, e vieram as perguntas. Havia uma aluna que está querendo escrever uma peça de teatro, e pedia minha orientação. Outra já leu todos os volumes de Harry Potter.
Ou seja: como em qualquer escola particular, há alunos que leem. A proporção, não sei. O acesso aos livros, claro, deve ser mais difícil. Mas nessa escola eles têm “aula de biblioteca”: visitei o lugar, modesto mas razoável. Sei também que, na escola que eu frequentei nessa idade, também o número de leitores era minoria.
Boa tarde Marcelo
– Meu nome é Luiz e li suas postagem com interesse, os comentários da sua visita à esta escola da periferia demonstra realmente a preocupação do escritor frente a bons leitores e futuros leitores, as “leituras” que fez da comunidade escolar mostram situações que envolvem práticas sociais, digo isto me referindo a escola enquanto equipamento social, um agente transformador do seu entorno, problemas são enfrentados por pessoas que tem capacidade ou deveriam em lidar com imprevistos. Esta escola de modo geral mostra vontade necessária para realizar seu papel e muitas vezes ir alem. É um fenômeno social famílias desestruturadas, o que daria uma dissertação ou muitas dependendo do enfoque para pessoas interessadas em ter respostas a questões que envolvem: o papel da escola, o ensino/aprendizagem, o real papel da família nesse processo e a estrutura física da escola. Fico feliz particularmente em saber que nesta escola possui uma TV de tela Plana, ainda mais por ser “periferia”, a escola sim deve oferecer o que tem de melhor na atualidade, além de tela plana gostaria ainda que esses alunos tivessem tela interativa igual a que muitas escolas particulares tem em todas as salas de aula, que os(as) professores(as) tivessem a meu ver um posto de intelectuais frente a sociedade. Se colocar qualquer criança na frente do computador para realizar atividades dela ou específicas, dará um banho em muitos adultos(geração y ou z?). Eu particularmente não gosto de pichação (?); uma escola limpa, sem depredações, como demonstra sua observação sobre sua arquitetura e que não atende aos seus requisitos e de muitos outros também, nos faz pensar no Historicismo(claro isso fazendo um levantamento sério), oras a cidade de São Paulo cresceu exorbitantemente, se formos analisar seus mapas históricos, parece mais uma colcha de retalhos, não há pensamento de como as pessoas vão interagir, ou mais, quantos vão a um parque público, áreas verdes dependendo de onde mora fica a quilômetros, urbanista sempre pensam nessas questões, todas as cidades discutem (?) seu plano diretor e que em tese participativa, deve satisfazer o desenvolvimento e de progresso social e cultural, incluindo-se ai com equipamentos urbanos, e vem a seguinte pergunta: Os Arquitetos foram realmente consultados enquanto conhecedores dos espaços e suas relações sociais nos equipamentos públicos? Dito isso concluo que todos participamos da construção da nossa sociedade, e o local que “temos” para exercitar a cidadania para essas crianças(futuro, pois deverão estar aptos a exercer quaisquer atividades que escolham para a nossa sociedade) é o espaço escolar, a escola é necessária e seus(as) professores(as), funcionários(as), gestores(as) e sua comunidade no entorno sentem ou deveriam sentir o compromisso para sua função.
Cara, porque tu não veio com seu carro que pra você deve ser apenas objeto de status? Medo de ser roubado?
Pegou carona pra chegar até aqui e ainda diz que os carros da periferia não sairão de garagem tão cedo…Os carros da periferia são para a locomoção e, para não terem de ficar o dia todo no busão como você achava que era…
Ficou vendo os livros que os professores leem através do vidro do carro para não ter de ficar mais tempo com os periféricos?
Tá se achando o Michael Jackson?
Aqui temos outros ídolos…Os professores desta e das outras escolas da perifa…Aqueles que educam o povão para não terem o tipo de pensamento feito o seu…
Ulisses, releia o texto, o Sr Marcelo Coelho não olhou por meio dos vidros dos carros no estacionamento, mas sim se referiu aos livros dos professores que o acompanhavam.
Como morador da periferia, gostaria de saber quais são os nossos heróis?
Como professor sei que há muitos professores que trabalham em escolas periféricas que têm o triplo de preconceito que o senhor enxergou neste texto.
Marcelo Coelho
Desculpe pela grafia incorreta da palavra pichação.
Não esqueça, estamos aguardando outra visita.
Muito obrigada