a mentalidade conservadora (4)
14/06/12 12:17Continuo a expor os “seis cânones do pensamento conservador”, segundo Russell Kirk, que os defende num livro de 1952, a ser lançado no Brasil.
Além do “respeito à sabedoria dos seus ancestrais”, o conservador (eis o segundo ponto da lista), manifesta
Afeição pela profusa diversidade e pelo mistério da existência humana, em oposição à estreiteza dos objetivos de uniformidade, igualitarismo e utilitarismo da maioria dos sistemas radicais; os conservadores resistem ao que Robert Graves chamou de “logicalismo” na sociedade. Esse preconceito foi chamado de “o conservadorismo do gozo”—uma sensação de que vale a pena viver a vida, de acordo com Walter Bagehot “a própria fonte de um vívido conservadorismo”.
Eis um ponto que, de 1952 para cá, mudou bastante. Poderíamos dizer que a esquerda aprendeu esse traço com os conservadores, em especial depois de 1968. A “política das identidades”, com os muitos defeitos que possui, é uma característica do pensamento de esquerda hoje. Esses fóruns mundiais, como se sabe, juntam as tribos mais diversas, dos índios aos adeptos do carro elétrico, dos budistas ao punks. Não impede, naturalmente, que a direita/ a maioria dos conservadores, ironize e esbraveje contra isso.
O “princípio do gozo”, do prazer, da vida em sua diversidade, é um avanço com relação ao puritanismo, ao ascetismo das versões igualitárias rígidas que vigoravam, digamos, entre os stalinistas ou no socialismo trabalhista inglês.
Como conciliar, de resto, essa afeição pela diversidade da existência humana com a resistência ao movimento gay? Aí ficamos entre dois princípios diferentes: o famoso “respeito pelos ancestrais” e a “afeição pela diversidade”.
Os conservadores à moda de Kirk encontram uma solução para esse dilema, como veremos depois.
Prezado, se você ainda não percebeu, a maioria dos conservadores não é contra gays, mas ao caráter totalitário e radical do movimento gay. Política de identidades, por outro lado, é sim uma coisa esquerdista pós derrocada do socialismo, um pensamento que quer levar as pessoas a acreditarem que são coitadinhas, que devem agir como coletivos e ser tutelados pelo Estado, ter direitos especiais e outras bobagens do tipo…