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Marcelo Coelho

Cultura e crítica

Perfil Marcelo Coelho é membro do Conselho Editorial da Folha

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Críticas de um conservador

Por Marcelo Coelho
13/07/12 12:04

O escritor e jornalista Ferdinand Mount está longe de ser uma pessoa de esquerda; na verdade, é membro do Partido Conservador e “baronete”, na ordem nobiliárquica inglesa.
Ele próprio, todavia, anda assustado com os índices de desigualdade social em seu país. Há dez anos, afirma no livro “The New Few”, a proporção entre a média salarial dos altos executivos e a do resto dos empregados era de 47 para 1 na Inglaterra. Atualmente, é quase o triplo: de 128 para 1.
Não existe, diz o conservador, nenhuma razão de mercado para ganhos tão elevados. O que ocorre é que a própria organização das empresas se tornou mais oligárquica, diminuindo o poder dos acionistas em benefício dos próprios executivos, que tomam naturalmente todo tipo de decisões a seu favor.
Essa oligarquização da sociedade inglesa também se reflete no decréscimo da participação política dos cidadãos. Em menos de 30 anos, a proporção das pessoas com filiação partidária caiu de 20% para 1%.
Não é simplesmente porque as pessoas “não se importam com nada”, explica Andrew Gamble na resenha do livro publicada no TLS de 22 de junho.  Segundo Ferdinand Mount, a razão é outra. Todos sabem que filiar-se e “participar” simplesmente não adianta nada quando as decisões já estão feitas em níveis superiores.
Defender menos desigualdade social certamente nunca foi bandeira conservadora –qualquer coisa tendente ao “igualitarismo” tende a ser vista como contrária à real natureza humana.
Mas em geral o pensamento conservador favorece a tomada de decisões em níveis locais, sendo contrário –novamente—a uma “igualitarização”, ou a uma ordem excessivamente homogeneizada a partir do governo central. Nesse ponto, Ferdinand Mount não se afasta da sua tradição de pensamento: defende uma revitalização dos órgãos democráticos locais, contra a concentração de poder nas mãos dos “Novos Poucos” a que se refere o título do seu livro.
Não se trata, como se vê, de um daqueles eufóricos defensores de uma situação obviamente injusta do ponto de vista social, tantas vezes legitimada com o discurso de que a esquerda é utópica, autoritária, e responsável por toda sorte de crimes contra a humanidade.

About Marcelo Coelho

Marcelo Coelho nasceu em São Paulo, em 1959. Estudou Ciências Sociais na USP. Escreve semanalmente no caderno "Ilustrada", da Folha de S. Paulo, e publicou, entre outros, "Crítica Cultural: Teoria e Prática" (Publifolha) e "Patópolis" (Iluminuras)
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Comentários

  1. joao paulo araujo silva comentou em 01/08/12 at 8:19

    Bom dia marcelo coelho,

    Suas recentes colocações sobre o pensamento conservador me provocam no sentido de refletir sobre o conservadorismo no contexto brasileiro. Será que esses axiomas independem do contexto social no qual um conservador se encontra inserido? Por aqui o conservador é quase um reacionário, pois os níveis de desigualdade social não podem ser comparados com os de um país desenvolvido. Fico com a impressão de que o conservador por aqui levanta a bandeira da miséria absoluta. Não foi o lulismo ou o petismo que inventou esse brasileiro carente de preparo para o mundo capitalista desenvolvido, com toda essa parafernalha de alta tecnologia que ajuda a mascarar a realidade do mundo social. Sustento duras críticas ao desenvolvimentismo propragado pelo PT, mas minha angústia maior é viver em um país de zumbis onde há uma classe trabalhadora que mal sabe o que se passa a sua volta e uma classe média que acha sofistificado não discutir política, apesar de serem os únicos que se encontram preparados para uma resistência significativa frente à catastrófica situação política de nosso país.

    • Marcelo Coelho comentou em 02/08/12 at 10:52

      Pois é, mas a desigualdade de renda devia ser maior ainda nos séculos 18 e 19 na Inglaterra, quando o pensamento conservador ia muito bem por lá!

  2. Caio Rossi comentou em 16/07/12 at 12:51

    http://www.prospectmagazine.co.uk/2009/02/riseoftheredtories/:

    British conservatism must not, however, repeat the American error of preaching “morals plus the market” while ignoring the fact that economic liberalism has often been a cover for monopoly capitalism and is therefore just as socially damaging as left-wing statism. Equally, if Conservatives are to take power from the market state and give it to the people, they must develop a full-blooded “new localism” which works to empower communities and builds new, vibrant local economies that can uphold the party’s civic vision.

  3. Caio Rossi comentou em 16/07/12 at 12:48

    http://www.prospectmagazine.co.uk/magazine/blue-labour-red-tory-next-big-thing/

  4. Wilson Vaccari comentou em 13/07/12 at 20:33

    Coelho, sou leitor bissexto de seu blog, mas em que pese meu bissextismo sempre que passo por aqui fico com a impressão de que suas motivações preferem o estrabismo de olhares forasteiros. Sei que não é moleza remover o rayban deste nosso paradisíaco inferno tropical.

  5. Marcello comentou em 13/07/12 at 18:09

    Nesse sentido lembrei da coluna do Clóvis Rossi de hoje na Folha. Por isso mesmo considero escandaloso que injustiças absolutamente ao alcançe de uma reparação democrática ( e não demagógica) sejam acusadas de impossíveis por causa desse verdadeiro pf (prato feito) que é o apelo “à verdadeira natureza humana”. A quem interessa??
    Abraço.

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