Para Roma ,com Amor
24/07/12 18:29No final de “Para Roma, com Amor”, um personagem declara que seremos descontentes de qualquer jeito: se ricos e famosos, ou se pobres e anônimos. Mas, acrescenta, entre os dois, é melhor ser rico e famoso.
A frase fica valendo mais ou menos como uma moral da história; nada parece contestar, na prática, o que foi dito. Ao mesmo tempo, desperta uma inconformidade no espectador. “Não, não pode ser assim”; acabamos de ver, em várias cenas onde a influência de Fellini é bem marcante, a futilidade, o absurdo e o desconforto que há nas perseguições dos “paparazzi” e dos repórteres de televisão.
Haveria algo mais a ser procurado na vida, afinal de contas. Mas, sem dúvida, não o amor. Mais uma vez, os personagens de Woody Allen se mostram incapazes de resistir às tentações do instante, e se descobrem apaixonados de uma hora para outra, mesmo quando tinham certeza de que não se deixariam cair nessa esparrela.
A maneira como se dão esses encantamentos –a pessoa sabendo que não deveria fazer o que vai fazer de qualquer maneira—é uma das coisas mais bonitas do filme.
Liga-se a outra característica que Woody Allen vai dominando como ninguém: o poder de tornar elástico o tempo da narrativa. Determinado personagem se mete numa aventura que teria de durar várias horas, ou vários dias; só que, quando a aventura se desfaz, vemos que teriam se passado no máximo uma ou duas horas.
Essa mistura entre o sonho e o real está na base de muitos filmes de Fellini, e Woody Allen se refere a vários deles –a visita do jovem provinciano à capital, em “Roma”; os “paparazzi” de “Oito e Meio”; a oportunidade de entrar no mundo do cinema, em “A Entrevista”: e as chuvas artificiais, o microfone que aparece no quadro da filmagem, em tantas cenas semelhantes do autor de “Casanova”. São referências a Fellini bem mais felizes do que as que Woody Allen tentara fazer em “Celebridades”, um de seus piores filmes a meu ver.
Mas a irrealidade felliniana das situações e dos cenários ganha, em “Para Roma com Amor”, esse outro componente, o do tempo; eis os amores (e as celebridades) evanescentes na cidade eterna, fotografada aliás lindamente nesse filme.
Ainda não assisti, mas se tem Ornella Muti, Ellen Page e Penélope Cruz deve ser bacana. Também gosto quando Allen “traduz” Bergman para as massas.
Entendo seus comentários mas não partilho; o cinema de Woody não merece isso tudo.
Sua análise, ao menos para mim , “melhorou ” o filme . Acho Woody Allen superior a Felini , aliás ele também “melhora” o cinema de Felini.
Melhor assim que o contrário, né! Abraços
Marcelo, o estagiario digitou Mercelo na chamada de capa.
Quac!