Mensalão: a compra de votos
02/08/12 10:47No julgamento do mensalão, a defesa acentua a tese do “caixa 2”: sobras do dinheiro de campanha, não declaradas, foram repassadas a deputados da base.
Nunca houve “mensalão”, argumenta-se. O que significa duas coisas: uma, o pagamento não era mensal. Outra, que os deputados não recebiam dinheiro para votar contra o governo. “Já eram da base governista, por que precisariam ser pagos?”
Vale a pena reler uma reportagem de Marcelo Salinas, publicada no dia 7 de agosto de 2005 na Folha.
Os meses em que houve maior volume de retiradas de dinheiro do mensalão coincidem com os meses das votações mais importantes para o governo no Congresso.
Foram ao todo 22 meses, de janeiro de 2003 a outubro de 2004 (a primeira reportagem sobre o mensalão foi em setembro desse ano).
O mês em que houve maior retirada (R$ 3,8 milhões) foi setembro de 2003 –quando foi aprovada a reforma tributária na Câmara.
“No dia da primeira votação, João Claudio Genu, assessor do líder do PP na Câmara, José Janene, começou uma série de saques que totalizaram R$ 1 milhão em 28 dias. De 49 pepistas, só três votaram contra a reforma.”
A reportagem continua: “O deputado José Borba (PMDB-PR), então vice-líder do partido na Câmara, sacou R$ 500 mil em duas parcelas: um dia antes da votação no primeiro turno e um dia depois da aprovação em segundo turno, no dia 25”.
Não, não foi mensalão. Dar parcelas fixas por mês talvez fosse ter confiança demais num deputado como José Borba.
Isso, com relação ao PMDB. “Pelo PTB, houve saques um dia depois da votação de cada turno. Jairo dos Santos, ligado ao então presidente do PTB, José Carlos Martinez, morto em outubro de 2003, sacou R$ 200 mil no dia 18, R$ 100 mil no dia 25 e R$ 300 mil no dia 29: total de R$ 600 mil”.
Assinantes do UOL podem ler aqui a íntegra da reportagem.