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Marcelo Coelho

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O PL e o mensalão

Por Marcelo Coelho
10/08/12 18:47

Continuo seguindo o julgamento do mensalão. Foi a vez de Marcelo Bessa, advogado de Valdemar da Costa Neto. Ele começou com uma discussão doutrinária, sobre a necessidade ou não de se especificar o “ato de ofício” numa acusação de corrupção.
“Ato de ofício” significa a ação efetivamente feita pelo deputado, ministro, presidente ou funcionário público, em troca de dinheiro.
A discussão é importante, porque a falta de definição desse “ato de ofício” foi o que determinou a absolvição de Fernando Collor de Mello no STF.
Mas a discussão nem vem ao caso agora, diz o advogado de Valdemar da Costa Neto. Presidente do PL na época, Costa Neto fez um acordo político com o PT: foi assim que José de Alencar, empresário do partido, tornou-se candidato a vice na chapa de Lula em 2002.
Como se sabe, PT e PL não comungam necessariamente da mesma ideologia. No âmbito estadual a aliança entre os partidos era muito complicada.
Ora, o TSE estabeleceu, para as eleições daquele ano, o princípio da verticalização: as coligações para a candidatura presidencal teriam de valer nos Estados. Isso dificultou a coligação, inviabilizando a candidatura de vários deputados do PL, que só poderiam se aliar a petistas e pecedobistas.
Foi assim que se fez a famosa reunião no apartamento do deputado Paulo Rocha, do PT, da qual participaram Lula, José de Alencar, José Dirceu, Delúbio e Costa Neto.
É José de Alencar quem conta, no programa Roda Viva: decidiu-se por um partilhamento do caixa. Os recursos eram de R$ 40 milhões, conforme previsões mandadas para a Justiça Eleitoral. Na proporção pela bancada dos deputados, o PL ficou com 10 milhões.
A Folha, prossegue o advogado, até noticiou a reunião, um dia depois.
A campanha acabou recolhendo mais do que isso, mas nada desse valor foi repassado para o PL, conta o advogado Marcelo Bessa. Como receber esse dinheiro?
A alternativa proposta pelo PT foi a de que o PL deveria tomar um empréstimo, e que o PT compensaria depois. O doleiro Lúcio Funaro, sob acordo de delação, conta que emprestou valores ao PL em agosto e setembro de 2002. Cinco milhões, diz o PL. Três milhões, diz ele, diminuindo os recursos por sofrer processo na Receita Federal.
O acordo e os pagamentos, argumenta a defesa, aconteceriam fosse Valdemar da Costa Neto deputado federal ou não. Ele estava recebendo o dinheiro como presidente de partido, não como deputado. Portanto, não pode ser acusado de corrupção passiva.
Tudo seria diferente se Valdemar tivesse, depois da eleição, feito um acordo para apoiar o governo. Mas tudo teve como causa, segundo a própria denúncia, um acordo eleitoral feito em 2002. O advogado triunfa.
Posso entretanto pensar o seguinte. O PT estava enrolando o PL, sem cumprir o acordo dos 10 milhões. E pode ter decidido: só começaria a pagar o combinado se o PL votasse com o governo.
É aliás o que eu faria, se tivesse feito algum acordo com o PL.
Sim. Acontece, diz o advogado, que o PL votava com o governo do mesmo modo, recebendo ou não suas parcelas. E mais: votou com o governo assim como também o PSDB votou com o governo!
Volta-se aqui à questão da correspondência entre votações e recebimentos. É dos assuntos em que faz falta, se não uma perícia, um levantamento imparcial.

About Marcelo Coelho

Marcelo Coelho nasceu em São Paulo, em 1959. Estudou Ciências Sociais na USP. Escreve semanalmente no caderno "Ilustrada", da Folha de S. Paulo, e publicou, entre outros, "Crítica Cultural: Teoria e Prática" (Publifolha) e "Patópolis" (Iluminuras)
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Comentários

  1. Álvaro Wolmer comentou em 11/08/12 at 18:57

    Eu acompanho também, às vezes, as sessões, mas sempre te leio na Folha. Até agora deu para entender quase tudo porque são os advogados que falam. A coisa vai ficar difícil pra nós quando os juízes homens forem justificar seus votos. O juridiquês vai rolar solto e nós, pessoas comuns, só vamos entender os últimos 15 segundos das falas – os votos. Até onde me lembro, as juízas são menos aparecidas, mais claras, mais sucintas. Eu gostaria de ver momentos Pedro Simon em seus melhores momentos, mas…é o que temos para o momento… (Inesquecível a fala de improviso de Pedro Simon para Luiz Carlos Mendonça de Barros, primeiro elogiando, depois apertando de leve, soltando, deixando respirar, elogiando mais um pouquinho, deixando Mendonça de Barros achar que tinha um amigo compreensivo por ali. E depois foi apertando devagar, mais, mais, até sugerir a renúncia ao ministro…)Eu fico esperando um momento de inteligência pura daqueles. Torci pelo advogado de José Dirceu, que não foi mal, aliás, mas não foi um Pedro Simon. Boa sorte e muita paciência pra você!

    • Marcelo Coelho comentou em 14/08/12 at 16:11

      obrigado, Álvaro! O Pedro Simon era insuperável!

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