Simplicidade de Toffoli
27/08/12 17:51Toffoli começa citando as alegações da defesa. O fato de o dinheiro ter sido retirado por interposta pessoa não é prova de lavagem de dinheiro.
Com efeito, nesse ponto Toffoli tem razão. A tese do caixa 2, usada pela defesa, por si só justifica todas as versões estranhas utilizadas pelos que retiraram dinheiro em espécie na boca do caixa. Pode-se considerar que sabiam estar fazendo coisa errada, e que mentiram como cães –pode-se detestar todos os mensaleiros por isso, é claro, mas não basta para condená-los.
Seja como for, para Toffoli, João Paulo Cunha estava inocente ao receber um dinheiro que, pensava, vinha por direta intervenção de Delúbio Soares, e não em função de suas relações com Marcos Valério.
Os dois se encontraram na véspera, na casa do próprio João Paulo. Elemento forte, para Toffoli, a inocentar João Paulo. Pois Marcos Valério poderia ter levado o dinheiro ali mesmo.
Sancta simplicitas! Se eu fosse corromper João Paulo, até por uma questão de elegância eu não bateria à sua porta com uma mala de dinheiro. Usaria algum tipo de transferência bancária, e ainda me beneficiaria de ajudar Delúbio a se mostrar eficiente como tesoureiro.
É, devo repetir, uma questão de crença –e todos imaginavam que as crenças de Toffoli seriam exatamente essas.
Toffoli franze o cenho agora: dirige-se indiretamente a Fux e Rosa Weber: a acusação tem de mostrar a prova. Não é possível inverter a exigência da prova.
A humanidade lutou muito por isso, lembra Toffoli, tentando colocar as coisas em, digamos, “perspectiva histórica”.