Roupa suja no STF
12/09/12 15:16Começa mal a sessão de hoje do mensalão. Acaba de ocorrer um bate-boca entre Lewandowski e Joaquim Barbosa. Leia a transcrição “taquigráfica”.
Passa ao caso de Geiza Dias. Peço a distribuição de alguns documentos para que possamos fazer reflexão conjunta sobre sua situação. Recordo que há alguns dias atrás o delegado Zampronha, da PF, e que presidiu o inquérito que deu origem à ação, asseverou que a ré, funcionária subalterna da SMP e B, não teria qualquer ciência dos fatos. Não levarei em consideração nada que não esteja nos autos, mas acho interessante lembrar a afirmação.
Barbosa- veja como as coisas são bizarras no nosso país. Um delegado preside o inquérito, e quando está às vésperas do julgamento, diz o que bem entende sobre quem deve ser condenado ou não. Num país bem organizado ele estaria no mínimo suspenso.
Gilmar- É heterodoxa a intervenção do delegado. Temos de nos ater aos autos.
Lewandowski- Este julgamento não é dos mais ortodoxos.
Verifiquei a carteira de trabalho de Geiza Dias. Contratada como assistente financeiro, não era gerente, em 1997. Equivale a secretária qualificada. Em julho de 97 ingressou com salário de 1100 reais. Depois, foi sendo contemplada com aumentos insignificantes. Em 2001 recebia 1148 reais. 1203 no ano seguinte. 1556 em 2003, no auge dos fatos que lhe foram atribuídos. Salário modestíssimo para quem se envolve em lavagem de dinheiro.
Cito alguns emails que ela mandou às agencias do Banco Rural, autorizando o recebimento das quantias. Pode-se verificar, é até do conhecicmento humano, intuitivo (e vou utilizar a expressão de que o ministro Barbosa não gosta), que há certa candura nos emails. Geiza manda email para um Tavares do Banco Rural, com email da empresa, rede oficial que une as duas instituições. Geiza se dirige a Bruno. “Bruno, as pessoas que irão procurar o Renato são Jacinto Lamas, Jose Luiz Alves, qualquer dúvida, gentileza nos contatar. Beijos, obrigada. Geiza.
Bruno, bom dia! Um de nosos motoqueiros irá te entregar três cheques, para fulano, etc. Qualquer dúvida, agradecemos por sua atneção. Grande abraço, Geiza SMpB
Depois, para Marquinhos- com cópia para o Bruno. Não era coisa que Geiza fizesse escondido, ela entendia que era coisa absolutamente normal que estava cumprindo o papel de empregada da SMPB. “Bom dia! Enviamos cheque para retirada hoje. Antecipadamente agradeço por sua atenção, grande abraço, Geiza.”
Será que alguém que está fazendo lavagem de dinheiro, imaginando um esquema criminoso atrás de suas intenções, agiria de forma tão desabrida? Mandando beijos e abraços? Sinceramente, é difícil crer que uma pessoa que ganha mil reais… salário de uma empregada doméstica…. É uma pessoa… uma empregada subalterna, imaginando que cumpria determinado papel.
Adianto meu voto porque acho que a situação da Geiza é completamente diferenciada da dos demais réus. Por que não condenar o Bruno e o Marquinhos? Eram funcionários de quinto escalão.
São fatos da vida! A justiça criminal tem de examinar a pessoa inserida em sua situação.
Ayres Britto- Geiza Dias, em email que também leio, pede a Bruno para entregar um cheque de 300 mil e outro de 350 mil, gentileza solicitar ao carro-forte que faça entrega do numerário. Quaisquer dúvidas, entre em contato comigo…
Lewandowski—concordo, as quantias são estapafúrdias, mas uma pessoa que ganhava mil reais não tinha muita noção… Mas isso será examinado. Estou examinando a questão do dolo. Isso é essencial na lavagem. Minha preocupação é não envolver pessoas inocentes, transeuntes, na trama toda.
Precisamos ver o contraditório, ver o que a defesa diz…
Barbosa- Está insinuando que eu não estou levantando os argumentos da defesa? Vamos parar com essas … com essas.. Isto aqui não é uma academia, dê o seu voto de forma sóbria.
Lewandowski- É correto um ministro dizer que o voto do outro não é sóbrio?
Celso de Mello põe panos quentes.
Barbosa- sim. Está tentando mostrar que o julgamento está sendo feito de forma heterodoxa, e fala de heterodoxia.
Lewandowski- Estou perplexo. Não tenho perdido oportunidade de elogiar a clareza e a profundidade de seu voto. Sei do esforço de V Exa. Proferiu belo voto. Há pontos em que discordamos. Jamais insinuaria que seu voto foi incompleto ou teria desatendido cânones processuais. Reafirmo o respeito que tenho por V Exa. Não tenho nenhuma crítica ao trabalho de v exa. Eu é que em homenagem à juventude que nos visita é que eu quis, talvez com vezo de professor, incabível talvez, reafirmar que aquilo que o Celso de Mello afirmou, a importância do contraditória.
Ayres- estamos tendo lições com todos, etc.
Barbosa- não é lugar de lições. Temos todos saber suficiente para julgar.
Lewandowski- Então vou saltar os argumentos da defesa.
Barbosa- Não.
Ayres= Não
Lewandowski, Não quero dar lições, é um segundo olhar sobre os autos, assim como se pede a um segundo médico a opinião.
De fato, como pode um Delegado que presidiu o inquérito, ver agora querer dar um simples palpite, como quem não quer nada?
todo mundo sabe qual é a do Lewandowiski. ele até hoje não se conforme com o desmembramento.
A cada manifestão de voto o Ministro Lewandowski torna-se muito mais um advogado de defesa do que um Juiz do STF. Vergonhoso ver como se comporta e como se utiliza de dissimulação e pseudo-erudição para safar corruptos abundantemente implicados pelos autos do processo e evidenciados por outros Ministros.
A maioria dos ministros está se conduzindo pelo que afirmou Peluso :
” caráter COMPROBATÓRIO dos indícios “.
Será isto justo?
A questão que me preocupa é a seguinte: vamos condenar suspeitos quando eles são, INOCENTES??? Citamos, a propósito, o VOTO do brilhante MINISTRO LEWANDOWSKi
Tenho assistido e, muitas vezes, me vejo tomado de angústia pela possibilidade de passar em branco a necessidade de colocar a moral e a ética neste pais no devido pedestal. Deus inspire os nossos juizes para que nós, povo, possamos continuar a acreditar na justiça, face que, na política, já não é possivel acreditar .
Se correr tudo bem, nós o Zé Povinho estamos fudidos…
Lewandowski tem o mal hábito de “dar cutucadas” subreptícias e Barbosa não fica calado. Concordo com Barbosa, o ministro revisor deveria limitar-se a ler ou comentar o seu voto, sem fazer menções depreciativas ou irônicas a respeito do voto do ministro relator. Deveria sempre utilizar-se da expressão mágica “data venia”.
Pode ser que tenha havido cutucadas, mas ele usa data venia o tempo todo. E não adianta…