Ataques de raiva
26/09/12 18:12Passa o intervalo do meio da tarde no julgamento do STF, e Ricardo Lewandowski retoma o voto, que se encaminha agora para diminuir as responsabilidades de Emerson Palmieri no mensalão.
Joaquim Barbosa, como já fez outras vezes nesta sessão, interrompe o revisor. Vossa Excelência está ignorando os depoimentos de Marcos Valério e Simone Vasconcellos, todos convergindo na acusação de que Palmieri pegou dinheiro do esquema.
Começa uma das piores altercações entre Lewandowski e Barbosa. Na opinião do relator, Lewandowski está desprezando a própria lista encontrada com Marcos Valério, na qual estavam nomeados todos os beneficiários do esquema.
O revisor estaria fazendo “vista grossa”, diz Barbosa.
Lewandowski responde com a calma habitual, que tem outra visão, que um revisor é para isso mesmo etc.
Mas Barbosa está atacadíssimo, e termina até de forma ilógica.
Lewandowski dá um exemplo. Conversando com jornalistas…
–Jornalistas não me interessam, diz Barbosa.
–Ahem, conversando com jornalistas, disse que muitas vezes eles voltam para as redações e depois redigem matérias diametralmente opostas sobre o mesmo fato…
(Lewandowski queria apenas dizer que divergências acontecem).
–Por isso, borbulha Barbosa, Vossa Excelência deveria distribuir cópias de seu voto.
–Farei isso, quando terminar a leitura…
–Antes! Faça antes!!
Barbosa desentendia até o exemplo de Lewandowski, para voltar a outro bate-boca, no começo da tarde. Reproduzo.
Joaquim Barbosa- Gostaria de pedir ao revisor se seria possível distribuir o seu voto, como é praxe nesta casa.
Lewandowski—Não é praxe, e de todo modo, meu voto, em função do fatiamento está num constante e refazer, não tenho o voto pronto.
Barbosa- Mas vem sempre com o voto pronto.
Lewandowski- Meu voto, podem verificar, vem em folhas soltas, estou reordenando. (Não se controla). E quem quiser ouvir o meu voto, tem de estar aqui no plenário ouvindo e prestando atenção.
Barbosa- em votos muitos longos, nem sempre podemos acompanhar tudo.
Faço o pedido em nome da transparência.
Lewandowski- Quêêê… Transparência!… (como se dissesse: “pelo amor de Deus!”)
Marco Aurélio Mello intervêm.
– Todos estamos atuando em público e em termos de transparência.
Barbosa- Não disse que não havia transparência.
Marco Aurèlio- Mas insinuôh. Óhh, ministrohh. Insinuhôh.
Genial, Marcelo! Com todo respeito aos citados, não sei qual das duas crônicas me fez rir mais, se a do STF ou a da ABL… Abs, ZL.