No fim do túnel
14/11/12 03:00Militantes antirreligiosos fizeram circular uma mensagem audaciosa nos ônibus de Londres. “Provavelmente Deus não existe”, diziam os cartazes. “Então, pare de se preocupar e aproveite a vida.”
No livro “Unapologetic”, publicado neste ano na Inglaterra, o escritor inglês Francis Spufford critica a iniciativa. Como assim, “aproveite a vida”? Em que mundo esses caras estão?
Imagine, diz ele, uma senhora de meia-idade, com sua sacola de compras do supermercado, voltando para casa, onde irá encontrar aquele que foi o homem de sua vida, agora tomado pelo mal de Alzheimer, que acaba de espalhar mais uma vez suas fezes pela parede.
Ou então imagine o garoto numa cadeira de rodas, com as pernas torcidas como um saca-rolhas pelos espasmos da doença, sem poder falar; ele é capaz apenas de teclar suas mensagens no computador, mas isso também está ficando cada vez mais difícil.
“Aproveite a vida?” Para Spufford, que responde ao ateísmo de Richard Dawkins e Christopher Hitchens, quem criou esse slogan é que vive no mundo da carochinha.
Adotou-se, diz ele, a mentalidade típica da publicidade comercial: todo mundo é feliz, saudável e bonito e, se aparece alguém de cabelo branco, é porque se trata de um daqueles anúncios de aposentadoria privada, em que há muita disposição para os prazeres da “melhor idade”.
Spufford não é teólogo. Escreveu um romance de ficção científica e ensaios sobre a história da tecnologia. “Unapologetic”, que poderia ser traduzido como “Sem Justificativa”, ou “Sem Pedir Desculpa” (por ser cristão), traz argumentos muito amigáveis, dirigidos a quem não vê sentido no modo de vida religioso.
Como sou uma dessas pessoas, logo pensei numa resposta aos exemplos da mulher de meia-idade e do menino de cadeira de rodas. É cruel dizer-lhes para “aproveitar a vida”. Mas também é duro dizer que um Deus misericordioso quer que essas desgraças lhes aconteçam.
Mesmo assim, talvez até prefiram acreditar em Deus. Mas o fato de ser preferível não torna alguma crença mais verdadeira.
Os argumentos a favor e contra podem estender-se, é claro. Constituem um dos principais temas de “Expresso do Pôr do Sol”, peça do norte-americano Cormac McCarthy, em cartaz no Tucarena até 25 de novembro.
Ao longo de uma hora e pouco, dois excelentes atores (Cacá Amaral e Guilherme Sant’Anna) discutem bravamente a questão. Mais do que isso: Cacá Amaral, no papel de um professor universitário branco, acaba de ser salvo de se atirar da plataforma de um trem.
É um ex-presidiário negro, convertido ao cristianismo, quem o impede de se matar. No papel de “Black”, Guilherme Sant’Anna é um anjo de astúcia e vitalidade, tentando desmontar a descrença furiosa de ªWhiteº. Como bom ateu, o diálogo me pareceu desequilibrado a favor de uma ótica cristã. A peça mostra bem os motivos biográficos que fizeram o ex-presidiário abraçar a escolha “correta”.
Os argumentos de “White” em favor do suicídio, entretanto, são impessoais e vagos. Ele declara, por exemplo, que toda sua fé na cultura e no progresso desapareceu “nas cinzas dos campos de extermínio”; sendo toda esperança de felicidade uma mentira, o melhor é se jogar na frente de um trem.
Evidentemente, nem todo ateu quer se jogar na frente de um trem. A moral da história seria outra: sem acreditar “em alguma coisa”, você não consegue viver. O cristianismo pode ser essa “alguma coisa”, e certamente “Black” é feliz com sua religião. Livrou-me de um monte de encrencas, diz o ex-presidiário. Certamente. Mas ainda falta escrever uma peça em que o ateu, vivendo feliz seu modesto destino, tenta tirar o religioso das encrencas em que ele se mete.
Imagine, por exemplo, um jovem homossexual que renega seu amor por outro homem simplesmente pelo fato de que sua religião não permite esse tipo de coisa. Ou a mãe que se recusa a abortar e gera um filho com grave deficiência, quando poderia ter outro normal numa gravidez posterior.
“Expresso do Pôr do Sol” não vai muito longe nesse tipo de debates, que naturalmente varariam a madrugada toda. De todo modo, para quem não está disposto a se atirar nos trilhos de um trem, não deixa de ser um bom ponto de partida para a discussão.
Felicidade não tem nada a ver com religiosidade, mas com estado de espírito, que por sua vez não tem nadax a ver com espiritismo. Tudo emana da mente e é por aí, que existem felizes e infelizes, otimistas e pessimistas, retrogados e vanguarditas, suicidas e viventes, etc. O poder está na mente e quem acredita em si não precisa de acreditar em entes sejam eles quais forem.
Caro Marcelo e leitores ateus, complementando comentário abaixo…Há questões não “espirutuais”, va lá! mas puramente lógicas que não consigo compreender porque não são levantadas: Como afirmar que uma coisa não existe sem que para tanto se tenha conceituado previamente o que seja tal coisa? De fato o conceito que se tem de alguma coisa pode ser falso, mas isto não implica a sua inexistência ou não… Estando na escuridão, poder-se-ia afirmar que não há luz presente. Neste caso, é necessário ter-se conceituado o que seja luz para tal afirmação…Quem nasceu e PERMANECE cego não conhece o que seja a luz, mas, infelizmente, daí não decorre a consumação da inexistência da luz. É uma estultice afirmar que uma coisa não existe a partir do que não se pode “ver” (COMPREENDER).
À propósito, um grande pensador do nosso tempo, Voltaire, dizia: “Eu acredito no Deus que criou os homens, e não no Deus que os homens criaram”.
Voltando à “cega”, para não dizer burra mensagem do ônibus: COMO APROVEITAR UMA COISA QUE NÃO EXISTE?
Deus é Vida! meus amigos…
of course like your web-site but you have to check the spelling on several of your posts. Many of them are rife with spelling issues and I to find it very bothersome to inform the truth nevertheless I will definitely come back again.
You should improve your English, you know? Your messages aren’t clear enough. I’ve been making a real effort to understand what you say. Besides, your attitude and ideas are mean. I’d rather deal with bad spelling than with bad/mean ideas. I don’t even know who you are talking to, “mr. Amedar”.
Na minha óbvia opinião de micróbio, talvez seja uma questão de preferência mesmo. No final das contas, se pensarmos bem, apesar dos diferentes pressupostos e consequências, crentes (em Deus) e ateus (crentes no aleatório?) talvez convirjam sobre o fato de que nem todos os acontecimentos/ocorrências de nossa existência estão sob o nosso controle. Crentes atribuem tais eventos a Deus e se consolam com isso; ateus, não. De resto, no âmbito dos eventos mais corriqueiros, que estariam na ordem do livre-arbítrio, talvez seja preciso acreditar em valores, da ordem do transcendente ou não, para se erigir ou organizar algo. Estou falando do que não sei, para variar.
Bruno, gostei de sua afirmação:”O respeito é a fé que falta ao mundo” O homem tecnologizado passou a não reconhecer o outro e consequentemente a ver-se a si mesmo como único.
“Provavelmente Deus não existe”; “Então, pare de se preocupar e aproveite a vida.”
É curioso, para não dizer trágico, como os homens não se cansam de atestar a sua ignorância. Só os que não o conhecem é que podem manifestar tamanha ignorância. Há uma absurda inversão da realidade nas sentenças acima.
“Porque Deus existe é que não precisamos nos preocupar e aproveitar a vida!”
Já vi essa frase no vidro de um carro no estacionamento em que tenho vaga…rsrsrs….fui lá à noite e colei na traseira do carro um adesivo “Deus é fiel”, só para zoar…rsrsrs….o cara nem percebeu, está até hoje andando com os dois….rsrsrs.
A verdade é que se Deus NÃO existir, aí que vou começar a me preocupar!
Já pensou, esta raça insana livre de qualquer limite? Haveria uma guerra nuclear em questão de meses…ou então reverteríamos a animais…
Deus nos livre disso e nos guie sempre no caminho da espiritualização e da Luz!
“Todos precisam crer em alguma coisa. Eu creio que vou tomar uma cerveja”. (Grouxo Marx)
Leia o livro “As chaves do inconsciente” – Dra. Renate Jost de Moraes. Se faltava à ciência a ferramenta que evidencia a existência de um Criador, agora não falta mais. Todo ser humano sabe disso em seu inconsciente, sem exceção. E isso agora pode ser visto por qualquer pessoa que queira tirar a prova dos nove.
Causa e efeito, na natureza nada se cria…, toda ação é igual a uma…,dois corpos não ocupam o mesmo…. Harmonia, e para que exista há um inventor e inventor que se preze não faz nada para dar errado. Sugiro o questionamento e a dúvida de obras científicas espíritas e não de prosetilismo religioso. Exija provas, você conseguirá.
o bom ateu não se preocupa com a crença do religioso. O bom religioso não se preocupa com a (des)crença do ateu. O respeito é a fé que falta no mundo.
Bruno, vc disse o que eu escreveria aqui também. Desconfio com preocupação de ateus e crentes fundamentalistas. Ambos são emocionalmente imaturos.
Ótimo comentário Bruno. Sou a favor do respeito às crenças alheias, do respeito ao próximo. A minha forma de ver e lidar com determinadas situações não é melhor nem pior do que a de ninguém. Respeitar isso é fundamental.
Caro Marcelo, leio sempre seus artigos. A resposta é JESUS CRISTO ! a CRUZ DE JESUS e a ressureição comprovada por seus seguidores! Ele disse ” Meu reino não é deste mundo! Felicidades eu te desejo!
(leitura silenciosa)