Dança:"Imagem Nua"
01/06/13 20:20Não entendo de nada de dança, mas quando vejo uma pessoa que dança bem tenho a impressão de que existe uma cordinha invisível puxando a cabeça, o pescoço e a coluna vertebral lá para cima, de modo que o dançarino ou a dançarina estejam em plena liberdade e equilíbrio, com os olhos altos no espaço.
Essa a impressão que tive ao ver Mauricio Florez Raigoza, um dos sete participantes do espetáculo “Imagem Nua e Outros Contos”, da Cia. Perversos Polimorfos, em cartaz no Sesc Belenzinho.
São três homens e quatro mulheres, numa apresentação que achei emocionante e belíssima, com música ultra-moderna e eletrônico-estranha de Dan Nakagawa, e concepção e direção de Ricardo Gali.
No centenário da estreia de “A Sagração da Primavera”, esse espetáculo parece trazer uma espécie de atualização extrema do assunto que toma o famoso balé de Stravinsky. Seria, digamos, a força do coletivo sobre o indivíduo, o sacrifício da virgem ao ritual bárbaro.
Em “Imagem Nua”, a dança demora para começar. Por vários minutos, os bailarinos apenas cruzam o palco da esquerda para direita, da direita para a esquerda, com passos contados. Uma das proezas da apresentação é que, por mais tempo que isso dure, a atenção da plateia não se dispersa. Tudo é feito com grande método e força de convicção.
Aos poucos, conforme se acelera o ritmo, cada dançarino começa a adquirir tiques e gestos particulares –mas ainda mecanizados.
É como se, em vez do coletivo tribal e bárbaro da “Sagração”, estivesse em jogo aqui a barbárie mecanizada e coletiva da vida urbana moderna. Dos pequenos gestos individuais, nascem na dança os encontros e o desejo.
A violência, a agressão, crescem ao longo da dança, até tudo virar uma espécie de orgia emocional das mais perturbadoras, sempre com a música ordenando o caos. O cansaço físico dos bailarinos parece reproduzir a exaustão dos sentimentos –não deve ser fácil viver interiormente uma apresentação dessas.
De certo modo, qualquer espetáculo de balé sempre me parece uma violência sobre o corpo humano. Aqui, não se trata de balé clássico, mas foi isso o que estava em jogo: da violência da rotina dos treinamentos à auto-expressão, e daí ao rompimento de todos os limites.
Fiquei pensando, enquanto assistia à apresentação, que uma das coisas inovadoras de “A Sagração da Primavera” talvez tenha sido o fato de não se basear, como tantos outros balés, em contos de fadas. A dança fala de vida e morte, de rito coletivo e destruição individual.
“Imagem Nua”, pensei, também é assim. Mas tive uma surpresa. No final do espetáculo é que distribuem os programas. No programa, aparecem… os contos de fadas em que cada dançarino se baseou para sua participação individual. Cada dançarino inventou, e escreveu, seu conto para a dança. Lendo as histórias, o espetáculo se reinventa na memória de quem assistiu. O mais genial é que quem assistiu pôde sentir tudo, experimentar toda a força do espetáculo, sem precisar imaginar nada disso.
“Imagem Nua”, ainda neste domingo no Sesc, vai entrar em temporada no Teatro Sérgio Cardoso em seguida.
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Ótima leitura do Marcelo sobre um excelente espetáculo. Parabéns a Cia. Perversos Polimorfos!
Muito bom o espetáculo, muito pertinente a crítica, além de sincera e sensível. Eu me sinto totalmente identificado com este escrito.
Interessante quando um crítico descreve literalmente um espetáculo com tanta propriedade.