Não entende quem não quer
25/06/13 15:51Há muitas maneiras de criticar as manifestações, e certamente os melhores motivos do mundo para condenar os absurdos que acontecem nessa hora –como saques e pancadaria.
Algumas opiniões sobre o fenômeno, contudo, parecem sobretudo resultar da má vontade de quem comenta. Dou alguns exemplos.
1- “Manifestações? A única coisa de certo sobre elas é que ninguém está entendendo nada”.
A frase tinha sentido na semana passada, quando mesmo depois da redução das tarifas o movimento cresceu. Mas como dizer, ainda, que “ninguém está entendendo nada”? Até a presidente Dilma entendeu as manifestações –ainda que do jeito dela.
O fato de um fenômeno ser complexo, e de ter muitos aspectos ao mesmo tempo não quer dizer que seja incompreensível. Podemos, certamente, não entender tudo. Podemos, também, reconhecer nossa incapacidade de reduzir todos os protestos a uma única palavra de ordem. Podemos não concordar com tudo o que os manifestantes querem. Podemos perceber que o que um manifestante quer tende a ser contraditório com o que outro manifestante reivindica. Mas é má vontade perguntar “o que esses manifestantes querem, afinal?” Os cartazes dizem muitas coisas, e repetem algumas causas bastante claras (contra a PEC 37, por exemplo). Basta saber ler
2- “Não há povo nesses protestos, a maioria nem pega ônibus”.
Não há, de forma visível, classe operária nas passeatas. Como costuma acontecer, movimentos desse tipo são de classe média, e especialmente de estudantes. Foi assim na luta pelas eleições e no impeachment de Collor. Trata-se, entretanto, de uma classe média diferente, ou melhor, com duas vertentes. Há o estudante de elite, o advogado mobilizado contra corrupção etc. Mas há muito mais estudantes que não pertencem a esse meio social. Há faculdades particulares em todas as partes da cidade, com alunos muito diferentes dos da PUC ou da GV. A própria USP se deselitizou em algumas áreas, e está cheia de gente que usa ônibus. E que se mobiliza.
3- “Esses manifestantes são contra os partidos. Sem partidos não há democracia. E tudo pode degenerar em fascismo”.
Há alguns fascistas, ou quase, se aproveitando das manifestações para barbarizar, quebrar tudo e hostilizar grupos de esquerda.
Há também, pelo que vi, manifestantes contra qualquer partido político. Não são necessariamente fascistas. O anarquismo tem uma larga tradição na história das lutas sociais, e esta se renova quando alguns partidos ditos de esquerda abandonam suas bandeiras para se aliarem a forças de direita.
Há um terceiro grupo, que imagino maior, que não é necessariamente contra partidos, mas se recusa a que partidos instrumentalizem o movimento. Agremiações de extrema esquerda, como PSTU e PCO, aparecem com força nas passeatas –e são recebidas com hostilidade política, o que é natural, por quem não concorda nem com 10% do programa dessas agremiações.
Por último, partidos são úteis para construir a democracia, sem dúvida nenhuma. Mas não são necessários para o fortalecimento de movimentos sociais. Trata-se de duas coisas diferentes, e a democracia precisa das duas para funcionar. Aliás, a democracia brasileira parecia até funcionar bem com partidos de mentira e sem movimentos sociais. Não deixa de ser irônico que, quando movimentos sociais aparecem com força, apareçam advertências quanto aos perigos que a democracia possa correr.
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