Bem-vindo à xenofobia
04/09/13 03:00O sumiço de livros vai acontecendo cada vez mais aqui em casa. Dei pela falta, outro dia, de um guiazinho de viagens muito bonito, com a capa de pano azul-clara, cheio de ilustrações coloridas, quase aquarelas, no estilo da década de 1950.
Era uma espécie de guia de boas maneiras, a ser usado por turistas em todas as partes do mundo. Chamava-se “Savoir Faire International” e tinha mais do que regras de boa educação.
Lembrava o viajante que sem aspirar o “h”, por exemplo, sua comunicação nos países de língua inglesa piora bastante. E explicava (estamos em 1950) que não adianta reclamar dos lençóis nos hotéis da Alemanha.
Ainda em 1986, entendi do que se tratava. Os alemães tinham uma espécie de colcha, muito mole e recheada de paina, que não servia exatamente de edredom; havia uma espécie de fenda, pela qual o dorminhoco deveria inserir-se inteiramente.
“Resigne-se ao desconforto das camas alemãs”, dizia o livrinho. Lembro-me de pouca coisa mais. Mas não esqueço que, folheando os capítulos, cada qual dedicado a um país, topei com frases simpáticas a respeito do Brasil.
“Não se preocupe demais em fazer as coisas certas”, ensinava o guia. “A simples condição de estrangeiro o fará ser visto com bons olhos.”
Nos outros Estados eu não tenho certeza absoluta, mas como paulistano sempre senti que podia assinar embaixo. Havia muito poucos turistas estrangeiros por aqui. Ainda hoje, se vejo algum, minha vontade é fazer festa. Quero ajudar, quero mostrar coisas, quero mostrar que sei a língua deles, quero me enturmar.
Acompanhei pouco a polêmica em torno da chegada dos médicos cubanos. Do ponto de vista cultural, “antropológico”, social, o que quisermos, acho de todo modo que aconteceu um fato inédito na história do país —vai ver que só nos tempos coloniais ou de Dom João 6º produziu-se coisa parecida.
Cubanos desembarcam no aeroporto e são hostilizados por médicos brasileiros. Nunca, pelo que me lembro, eu tinha visto manifestações de xenofobia tão explícitas, tão grosseiras, em nosso território.
O mito do brasileiro acolhedor e festeiro —só um mito? Até jogadores de futebol argentinos foram recebidos com carinho pelas torcidas de times brasileiros. Tevez, o simpaticíssimo e modesto artilheiro do Corinthians, será que reclama de hostilidade?
Com toda a implicância que muitos brasileiros têm contra argentinos, não creio que estes sejam maltratados aqui. Certo, o turista não vem para tirar emprego de ninguém.
O racismo que se verifica em tantos países europeus tem razões mais antigas do que o desemprego. A direita explora, naturalmente, a ideia de que os imigrantes tiram postos de trabalho dos brancos.
Mas, se os brancos não querem aqueles postos de trabalho mais rudes e com salários baixos, não importa. O racista vê nisso mais um motivo para desprezar os africanos, os turcos, os brasileiros que os aceitam.
Mesmo que um ou outro médico brasileiro perca seu posto numa cidadezinha perdida no sertão, há, pelo que sei, falta de médicos, e não de empregos. Tanto que o médico da cidadezinha tem outros.
Além de médicos, o fato é que eles são negros. E além de negros são cubanos. Não fizeram o tal exame de revalidação do diploma que possuem? Mas estão abrindo clínica especializada em neurocirurgia ao lado do Sírio-Libanês? Vão concorrer com os especialistas em plástica facial?
A televisão mostrou a entrevista de um representante de não sei que entidade médica brasileira, afirmando que os tais cubanos mal saberiam realizar um exame de ecocardiograma.
O caso é sério. Imagine se eles danificam, sem querer, todos os aparelhos de ressonância magnética de Primeiro Mundo que os esperam no sertão piauiense…
Que emprego, então, está em jogo? Ou o temor é de que sejam militantes socialistas a mando de Castro? Se forem, quem sabe se convertem à liberdade brasileira…
Talvez nosso sistema de vida, nessas áreas miseráveis, não convença tanto assim. Estarão os cubanos pondo o dedo numa ferida —o da consciência da classe média alta brasileira?
Curiosamente, os que protestam contra os cubanos assumem uma retórica sindical: lutam pelos salários dos outros. É um piquete, então? Pode ser. Nessas vastidões sem médico nenhum, a greve nos serviços de saúde dura bem uns quatro séculos.
Sozinhos não resolvem? É preciso mais que alguns médicos? Sim. Espero que, de lá onde vão clinicar, façam um protesto melhor do que o que andamos vendo por aqui.
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http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/09/noticias/cidades/gazeta_online_norte/1459318-ministerio-publico-denuncia-medicos-por-mortes-de-tres-bebes.html
Este médico estrangeiro sem revalidação matou 3 bebês em apenas 1 mês!!!
Isso foi antes do “Mais Médicos”. A diferença é que agora esse mesmo cidadão estaria em situação legal, amparado pelo Governo! Vamos nos acostumando aos novos tempos. Mais médicos “mais ou menos”!
Eduardo, o tal médico citado na reportagem é brasileiro, embora formado no exterior…
Infelizmente o debate tupiniquim é muito pobre. As pessoas sempre esquecem o mérito e partem para o argumento de ad hominem. E tome acusação de racismo, homofobia, machismo e quetais. Aconteceu e acontece nos debates a respeito gayzismo, aborto, Fundo de garantia das domésticas. Agora está acontecendo no caso dos médicos cubanos. Fizeram questão de focalizar logo um médico preto para poder acusar de racista quem é contrário à contratação dos cubanos. Daqui a pouco vão achar um cubano gay para poder acusar de homofobia.
Nunca são demais as vozes da lucidez. Parabens, Marcelo Coelho.
Marcelo, creio que você é apenas mais um que ainda não entendeu muito bem o que está acontecendo. Responda rápido à minha pergunta: por que o plano de carreira no SUS para médicos, enfermeiros e dentistas está parado há mais de 3 anos no Ministério da Saúde? Tivesse sido aprovado e colocado em prática, nenhuma dessas cenas lamentáveis teria acontecido…
Um erro nao justifica o outro. Este episódio foi uma vergonha e mostra a verdade sobre o Brasileiro. Infelizmente não somos esses anjinhos que imaginamos. E a classe médica a muito tempo nao tem nada a ver com filantropia! Medicina é comercio, Brasil é capitalista, médico quer dinheiro e fama! Nenhum médico sonha em ser uma Madre Teresa, eles sonham em ser o Dr. Rey
Engraçado que não hostilizem atletas cubanos. Ao contrário, viram ídolos. Porque são capazes. Prefiro ver os cubanos se esforçarem para enfrentar a falta de estrutura que o governo oferece na saúde, do que os hipócritas que não assumem o juramento que fizeram quando se tornaram médicos. Que sejam objetivos em suas reivindicações, mas não racistas.
Pelo menos o próprio jornalista Coelho assume no texto que está desinformado sobre o que escreve. O texto do Luis Felipe Pondé mostra certa má vontade com os cubanos, mas pelo menos percebemos que ele procurou se informar sobre as condições de trabalho e vida dos médicos brasileiros. Uma aula de reciclagem para o Coelho.
O seu artigo foi ao ponto – um dos pontos . O de Luiz Felipe Pondé – “O fascismo do PT contra os médicos” (que recomendo a todos) também.Aqui não cabem raciocínios binários.O de Pondé esta na aba ” colunistas” da “Folha de São Paulo”.
O protesto aos cubanos foi uma atitude errada, maquinetada por um sindicato equivocado. Os médicos cubanos não tem culpa alguma e NÃO podem ser o alvo de protestos como esse, repudiado pela maioria dos médicos com quem conversei (sou médico). Agora esse ilustre texto reduzir todo o problema a um questão de xenofobia mostra o quão rasos (seria desídia?) estão alguns textos ao comentar essa assunto.
A vaia em Fortaleza foi contra os gestores, habilmente manipulada pela imprensa para parecer que era aos cubanos. Um fotografo recuou e fotografou um cubano negro ( propositamente na lateral) que vinha logo a´pós os gestores. para parecer que a vaia era a ele, não aos gestores. Tanto pararam e gritou-se REVALIDA. Nop fim depos de passarem alguns gritaram escravos e os proprios militantes do PT passafam a repetir escravos. Tudo manipulação.
Senhores, não percam tempo lendo este péssimo comentário totalmente tendencioso e pró-governo.
Quer dizer que não se pode lutar por uma assistência médica digna aos mais pobres neste Brasil? Isso é xenofobia?
Acho que para esse senhor, xenofobia também deve ser criticar o governo…
O que o autor do artigo fez foi simplesmente uma rotulagem do conflito: xenofobia. Assim fica fácil! desmoralisa-se os opositores, relativiza-se o conflito colocando a culpa na maldade do outro e não se analisa a gravidade da situação e a ação autoritária e populista que está presente em todos esses fato. Até mesmo quando o assunto é xenofobia não se constrói um argumento consistente para classificar o fato como tal.
Os médicos não são, que eu saiba, os primeiros discriminados por serem cubanos. A blogueira Ioani Sanchez, cubana e branca, foi igualmente discriminada e até ameaçada fisicamente.
Há um esquerdismo escondido nesta história dos médicos cubanos que os intelectuais fingem não enxergar.
Quanta bobagem escrita… Quer dizer que quem é pobre não merece um médico bem formado? Apenas os ricos que frequentam o Sirio? Ora senhor, no filho dos outros tudo é lindo não? Fala em xenofobia e defende aqui a discriminação, medicina de pobre… Francamente, para quem tem plano, médico estrangeiro no filho dos outros é refresco…