Robôs
26/02/14 03:00Eles estão entre nós. Muito diferentes, contudo, do clássico modelo em que se incluem a doméstica Rosie, dos Jetsons, a “lata velha” da família Robinson em “Perdidos no Espaço”, ou o R2-D2 de “Guerra nas Estrelas”.
Para preencher esse modelo de robô típico, o indispensável seria, provavelmente, ter rodinhas, ou trilhos, no lugar de pés. Quanto ao resto do corpo, embora sólido como uma máquina de lavar, o robô se divide em partes correspondentes às do corpo humano.
Os braços, ainda que terminem em forma de chave inglesa, haverão de ser braços de gente. A cabeça, podendo girar em 360 graus, ainda assim é cabeça; boca e olhos serão de zinco e titânio, mas funcionarão como os órgãos de qualquer humano.
Assim era Rosie, que para melhor indicar sua função na família de desenho animado, mantinha o avental e a touquinha de uma empregada da primeira metade do século 20.
Pegue-se, em suma, uma assalariada normal, substitua-se seu corpo de carne por uma estrutura de ferro cinzento, eliminem-se as suas pernas. Eis o robô das imaginações gerais, e provavelmente não o conheceremos em nossa vida cotidiana. Vale repetir, todavia: logo teremos todos robôs em casa. Talvez já os tenhamos sem perceber. Não falta muito.
Temos notícia de geladeiras que já avisam o proprietário se falta algum produto; podem inclusive encomendar diretamente ao supermercado a reposição do estoque familiar.
Qualquer carro nos avisa quantos quilômetros podemos rodar ainda com a reserva do tanque de combustível. Com o GPS acoplado, ele também fala, explicando o caminho até o próximo posto. Outros estacionam automaticamente na vaga.
Em parte, esse carro já é um robô; a luz do espírito, da linguagem, do diálogo, já se vislumbra em seus circuitos e atravessa a lataria. Logo chegará o dia em que o motorista de táxi humano deixará de existir.
O que teriam imaginado os escritores de ficção científica ou os produtores de desenho animado? Provavelmente, em vez de um carro inteligente, teriam criado um motorista de lata. Pensava-se na anatomia de um ser humano; não se antecipou a ideia de que o segredo para fazer robôs estava em outro lugar.
A saber, no processamento de informações, na resposta a estímulos. É assim que funciona, por exemplo, um modelo já disponível no mercado brasileiro, ao preço de R$ 1.500 mais ou menos.
Trata-se do aspirador-robô. Ele elimina todo traço humano. Seu formato é de uma embalagem térmica redonda, do tipo que os entregadores de pizza carregam no compartimento da motocicleta.
Essa pizza média deve ser carregada na tomada e, ao toque de um botão, começa a andar sozinha pela casa. Sabe subir no tapete, desvia-se das paredes e dos móveis, girando a esmo, enquanto na parte de baixo uma vassourinha circular empurra a poeira a ser sugada.
Não tem arestas, prolongamentos, olhos ou pezinhos. Sua “robozice” está no fato de que não precisamos controlá-lo. É, em suma, um eletrodoméstico que se move —não um empregado de metal.
Construa um telefone que se aproxime de você quando alguém estiver chamando; um cabide de roupas que o acompanhe até a piscina; uma geladeirinha que traga um copo d’água até a poltrona, um micro-ondas em miniatura que leve sacos de pipoca a cada espectador do cinema: serão robôs.
O que os caracteriza, do ponto de vista físico, é a mobilidade —e não a imitação do humano. Do ponto de vista tecnológico, sua capacidade está em atender a uma demanda específica do consumidor, num esquema de demandas e respostas.
Verdade que vi recentemente, num aeroporto brasileiro, um robô ao velho estilo. Não tinha boca nem olhos de metal, mas sim uma tela, onde se via um rosto feminino desenhado. Oferece, na barriga, serviços de informação: mapa do aeroporto, contato com táxis, não sei se emissão de passagens.
Deslocava-se lentamente com rodinhas, num corpo esmaltado e branco que evocava a figura de uma mulher de saia. As crianças adoravam o brinquedo. De fato, a geringonça não tinha muita razão de ser; poderia ser apenas um posto de informação fixo, sem imitar a mobilidade humana.
Tratava-se, apenas, de uma homenagem “pós-moderna”, isto é, irônica e lúdica, a um futuro imaginado antigamente, que não existe mais. A imagem do humano, que se projetava naqueles seres de rodinhas, dissolveu-se da tecnologia contemporânea.
Logo estaremos, isso sim, rodeados de bichos com luzinhas e sensores, celulares alados e aspiradores aracnídeos, cortadores de unha semoventes, laptops à espreita, patinetes em nosso encalço. Será, para recorrer a outra fábula de ficção científica, uma verdadeira invasão de marcianos.
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Harrison Ford em “Blade Runner”, acabou se apaixonando ( com justa razão) por uma linda andróide…Eu também, no lugar dele, não resistiria…
no campo as máquinas já fazem as colheitas todas que antigamente empregavam milhares de pessoas e hoje apenas um motorista e no futuro nem o motorista terá : a máquina apenas sozinha fará a colheita e provavelmente este produto alimenta apenas mais máquinas. o telefone já está capturado quando falamos e resolvemos tudo com a máquina. agora mesmo escrevemos para, na, com a máquina. a saída é a saída. sempre foi.
MARCELO:
VOCÊ FALAVA DE ROBÔS “DE LATA E RODINHAS” E, ENQUANTO LIA, PENSAVA NOS ROBÔS DE CARNE E OSSO QUE PERTENCEM AO NOSSO PLANETA.
A Singularidade Tecnológica já começou. Vamos passar por ela sem nem mesmo perceber. Ao considerarmos as comunicações à distância, em um par de décadas não seremos capazes de saber se estamos conversando com uma máquina ou com uma pessoa. Em seguida não saberemos mais se somos homem ou máquina. Nem vai fazer sentido saber a diferença. Leiam sobre as idéias do futurologista Vernor Vinge e de Bill Joy, fundador da Sun.
Faltou citar o C3-PO
na verdade, é C-3PO
infelizmente, a conexão entre homem e máquina está começando: vai tornar a vida mais prática e confortável, mas temo que os robôs, na verdade, serão os seres humanos. Estes lerão “horóscopos robotizados” até para decidirem assuntos pessoais. Até que ponto será livre esse Super-Homem?