Pequenos profissionais
24/09/14 02:00Se você reclama de seu filho passar horas e horas com joguinhos no computador, talvez seja melhor relaxar. Pode ser que ele não esteja apenas esmagando marshmallows falantes ou quebrando os ossos de algum malfeitor.
Pela minha experiência com filhos pré-adolescentes, existe também outra possibilidade. Com frequência, é menos de diversão que se trata, e sim de trabalho.
Tudo começou com um game chamado “Minecraft”. Apesar de ter inúmeras variantes (algumas das quais exigem armas mortíferas e ânimo implacável), a ideia toda do entretenimento é construtiva.
Não há correrias acrobáticas nem efeitos visuais de impacto. O que aparece na tela é bastante básico: cubos relativamente grandes, de cor escura, e ferramentas de trabalho, como pás e picaretas, de escasso realismo.
Apela-se menos para o espírito de aventura e destruição do que para os prazeres paleotécnicos da carpintaria, do tijolo, da viga e da argamassa. Brinca-se de trabalhar, sem dúvida, e de enriquecer também.
O passo seguinte é mais decisivo. Com programas adequados, é possível produzir vídeos nos quais você conta que procedimentos adotou para a construção de seu palácio. Alguns desses “gamers” pontilham suas demonstrações técnicas de comentários humorísticos e obscenos, tornando-se pequenas celebridades no Youtube.
Mais tarde, o computador oferece a qualquer menino ou menina condições de fabricar seus próprios desenhos animados. Pode produzir música de fundo para o filminho, ou apresentar os créditos de autoria por meio de introduções estroboscópicas e tridimensionais.
Daí para se envolver em alguma atividade lucrativa o passo é mínimo. O garoto que se envolve nisso não está perdendo tempo: com 12 anos ou menos, é quase um pré-profissional.
Mais impressionante é o caso dos pequenos cozinheiros. Uma série exibida na Discovery Home and Health põe à prova o talento culinário de meninos e meninas, com menos de 12 anos.
Apresentados a ingredientes como lagostas, ouriços ou costelas, aquelas crianças produzem pratos feéricos.
Turbantes de molusco em coulis de pêssego silvestre ou coulibiacs de polvo em massa crocante de macadâmia antecedem charlotes desconstruídas de tangerina com calda de jasmim. A vencedora foi uma loirinha banguela, sem idade sequer para começar a usar aparelho ortodôntico.
Com algumas doses de mel e lágrimas, próprias à Sessão da Tarde, o filme “Chef”, dirigido e estrelado por Jon Favreau, também mostra a ansiedade de um garotinho em se integrar ao mundo do trabalho adulto.
É uma produção bem simpática, aliando com delicadeza ingredientes caros ao cinema americano: a reconstituição de uma vida familiar minada pelo egoísmo produtivista, o reencontro entre pai e filho, a viagem de carro pelo interior dos Estados Unidos, a mensagem de que o trabalho duro é importante, mas nada se consegue sem a amizade.
“Last but not least”, demonstra-se o triunfo da livre iniciativa individual sobre os interesses predatórios do empresariado constituído (com o paradoxo de que esse triunfo se traduz em lucro e sucesso empresarial também).
Tudo isso, e mais uma visão positiva dos valores latinos, faz de “Chef” um bom programa para crianças de 10 ou 12 anos. O que há de mais sedutor, entretanto, é o fato de que o filho do protagonista (ótimo desempenho de Emjay Anthony) passa as férias ajudando o pai, ex-chefe de cozinha num restaurante metido, a vender sanduíches numa van.
Dito isto, retomo o tema de Hélio Schwartsman, em sua coluna de domingo passado. Ele se refere a uma verdadeira “histeria da pedofilia” na sociedade contemporânea.
Naturalmente, qualquer pessoa fica chocada com cenas de sexo envolvendo crianças de quatro ou cinco anos; coisas assim são hediondas.
O problema é que os ideais adultos de beleza (que se aproximam da androginia e da esqualidez) são tudo, menos adultos: no mundo contemporâneo, a luta contra o tempo se intensifica. Ninguém quer parecer três anos mais jovem: quer ter 15, 20 anos a menos.
A luta contra o tempo também se dá no sentido inverso. Aos 12 anos, ninguém mais quer ser criança; a escola é perda de tempo; no computador, ou na cozinha, ou na vida de modelo, qualquer um se sente mais útil. E, como qualquer adulto bem sabe, mercado de trabalho e competição sexual nem sempre são fáceis de separar.
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marcelo, me identifiquei com seu texto, sobretudo com a primeira parte, em que você fala dos canais feitos por crianças pra comentar games. Me surpreendi ao ver que meus filhos de 10 e 12 anos criaram um canal desses, o Crafting Br – pra quem curte minecraft. eu não entendo nada disso, mas acho o máximo e dou força. o último video que postaram foi esse: http://bit.ly/1uLsNYV
Com toda certeza houve uma inversão gigante de padrões e papéis na vida social, onde adultos e crianças perderam referências que norteavam as relações socias e a familiar.
Falo isso longe de qualquer homofobia, preconceito ou então sexismo, apenas citando a questão do relacionamento pautado por direitos e deveres. Muitas vezes o que é papel do pai, epera-se ser da escola, o que é da escola transferem-se para o governo, e o que é do governo camuflam em falta de cidadania.
Lamentalvemente prolifera a sensação de não estamos felizes fazendo o que fazemos e fatalmente não somos bons fazendo o que gostaríamos.
Caro Mr. Smith, creio que a questão é mais ampla, talvez os papéis estejam em transformação, pois a relações de trabalho, de familia e mesmo de estado estão diferentes. Quando ouço a propaganda dos partidos “nanicos’ com slogans da década de 40 ou 50 sobre o perigo do capital e do “patrão” fico pensando que hoje 40% de minha equipe é hoje freelance. E os outros 60% acham a CLT um atraso de vida. Metade do tempo, eles trabalham fora do escritório. Não é incomum eles estarem na academia as 10 da manhã ou em alguma atividade com os filhos, embora também não é incomum receber do mesmo funcionário, o resultado de um projeto às 22 horas. Acho que o capitalismo tende a ser cruel. Não sei para aonde vamos, mas com certeza é algo novo.