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Marcelo Coelho

Cultura e crítica

Perfil Marcelo Coelho é membro do Conselho Editorial da Folha

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Uma agenda para a crise

Por Marcelo Coelho
22/06/13 12:57

artigo que publiquei hoje no caderno “Cotidiano” da Folha.

Uma agenda para a crise

Não acho que jornalista deva dar conselho a ninguém, mas me preocupa a profundidade da crise. Acho que a presidente Dilma acertou, no geral, quanto ao tom e ao conteúdo do seu discurso ontem. Mas talvez as respostas tenham de ser mais profundas.
Por mais que sejam variados os lemas e palavras de ordem dos manifestantes, o fato básico é que eles não se veem representados nem atendidos pelo Congresso, pelas prefeituras, pelos governadores e pelo Executivo Federal.
Acho que há espaço para uma série de iniciativas capazes de recuperar –e sanear—as instituições políticas, antes que o descrédito seja completo e a única resposta possível seja o aumento da repressão.
Cito algumas, só como exemplo, porque o conteúdo específico de cada item poderia ser discutido conforme o gosto do governante.
1- Um esforço pela austeridade pessoal. O presidente uruguaio, Pepe Mujica, não usa carro oficial, não mora em palácio e se veste como um jeca. Era tempo de todos os políticos brasileiros seguirem o seu exemplo.
2- A retomada, no nível federal, da faxina dos ministérios intentada inicialmente pela presidente Dilma. As forças políticas mais sérias do país estão reféns de uma “base parlamentar” que pode ser útil no dia-a-dia, mas é o principal empecilho para a resolução da crise.
3- Uma iniciativa mais concreta de reforma política. Nem sei se o financiamento público de campanhas é o melhor método. Mas é preciso responder à desmoralização de um sistema em que os representantes eleitos pelos cidadãos se tornam, na verdade, representantes das empresas que contribuíram para seu caixa de campanha.
4- Na questão da educação, bem atendida pela proposta presidencial de dedicar 100% dos royalties de petróleo a essa área, acho que nada se fará sem um aumento radical do salário de professores. Mesmo com o aumento de impostos que teria de haver.
5- Uma real abertura para os movimentos populares. Por que os prefeitos não convidam alguém próximo do Movimento Passe Livre para a Secretaria dos Transportes? Em nome de que lógica partidária, interna ou externa, esses cargos são loteados?
6- Não é que os manifestantes não sabem o que querem. Querem coisas demais. Faço o raciocínio: se há propostas de reforma em todas as direções, e se o sistema político está em descrédito, seria necessário dar vazão e forma institucional ao debate que está nas ruas, se ele não refluir. Seria o caso, a meu ver, de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte, com fins específicos (reforma política, reforma previdenciária, etc.), para a qual poderiam candidatar-se cidadãos mesmo sem filiação partidária.
O fundamental é encontrar, para a vontade de mudança, um caminho político. Caso contrário, ou teremos paralisia ou as formas mais despolitizadas e selvagens de protesto.

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It's revolution, baby

Por Marcelo Coelho
21/06/13 11:55

 

artigo publicado no “Cotidiano” de hoje

 

No estacionamento, perto da estação Vila Madalena, o manobrista foi avisando. “Hoje ficamos abertos até as nove da noite”. Acrescentou sorrindo, com sotaque bem nordestino: “é por causa da revolução”.
Na Paulista, alguns manifestantes pareciam concordar. Só que o cartaz era em inglês: “It’s revolution, baby”.
Imagino que não tenha sido por acaso, também, que um garoto estivesse de camiseta preta, com o célebre lema da Nike: “Just do it”.
Bandeiras do Brasil, entretanto, predominavam, e como nos velhos tempos, muito estudante pintou a cara de verde e amarelo. Cantou-se o hino nacional.
Hino nacional? A passeata prosseguia, e os cartazes mudavam de tom. “O hino nacional não me representa. Representa a burguesia, os coxinistas e a violência”. Enquanto eu me perguntava o que serão os “coxinistas”, outro cartaz, já no meio do bloco dos trotskistas (acho), ia mais longe.
“Nacionalismo é o caralho, este país é violento e sanguinário”. As palavras do cartaz eram gritadas por vários manifestantes.
Mais difícil de ser gritado era o lema de outro cartaz, agora em sentido inverso. “A política de importação está acabando com as indústrias do Brasil”.
Será isso um exemplo de “coxinismo”? Se a palavra tem a ver com “coxinha”, o que no meu tempo queria dizer “mauricinho”, havia poucos engravatados, apesar de alguns idosos e crianças, na manifestação.
Duas senhoras de moletom pink esperavam instruções. Outra, mais ousada, apareceu com seus dois cachorrinhos brancos, não sei se poodles ou lulus. O agasalho dos “pets” eram duas pequenas bandeiras nacionais.
Ainda no capítulo mais comportado do evento, uma estudante postou-se em cima do canteiro, com um cartaz bem elaborado. “Direitos constitucionais com qualidade. Precisamos de líderes competentes e honestos.”
Arrém, arrém. “O jovem neste país está sendo levado a sério!” Arrém, de novo. No outro extremo, havia lemas mais concisos. “Meu cu é laico”.
Tanto quanto Dilma, Alckmin e Haddad, um dos grandes vilões da passeata foi o Pastor Feliciano. Também Renan Calheiros e, especialmente, a PEC 37 (que tira poderes do ministério público) estavam entre os alvos mais frequentes.
Havia o convite para que o país parasse se a emenda constitucional for aprovada. Será possível? Tudo é possível, atualmente, com a mobilização facilitada pela internet.
“Saímos do Facebook”, orgulhavam-se diversos cartazes. “Corruptos, vocês se preparem, vão cair um por um”. De forma mais visual, um grupo apareceu de guarda-chuvas abertos: “está chovendo porco”.
Contra a corrupção, pela reforma política, contra o capitalismo, não faltaram generalidades desse tipo. Solitário, um manifestante foi mais específico: “voto distrital”. E ponto final.
Para comentaristas mais idosos, como eu, isso até que era fácil de compreender. Menos clara foi esta mensagem: “O inibidor do MID já caiu”. Explicaram-me que é referência a um videogame.
Do lado libertário, gritou-se muito que “o povo unido não precisa de partido”. E também se pediu “um país sem catracas”.
Enquanto outros manifestantes diziam “eu SEI por que protesto”, um homem sozinho carregava um vasto cartaz de papelão, dizendo apenas uma palavra. “Lost”.
Perdido? Havia palavras contra muita coisa, mas não é culpa de ninguém se, da Copa à conta de luz, há tanta coisa para ser contra. Todo manifestante, afinal, quer se manifestar. Mesmo que seja apenas para dizer, como em outro cartaz: “Mãe, não me espera para a janta”.

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Um comentário sobre a PM e os manifestantes

Por Marcelo Coelho
19/06/13 16:03

O cidadão de classe média, pagador de impostos, sente muitas vezes uma revolta imensa diante de qualquer congressista ou autoridade do governo. Houve casos como o do velhinho que ameaçou dar bengaladas em José Dirceu, no auge do mensalão. Diante do cinismo de algumas figuras, chega a ser quase automática a sensação de que só saem do lugar deles se forem expulsos a tapa.
Acho detestável esse tipo de atitude, mas posso compreender quem pensa assim.
Imagine-se, entretanto, um jovem negro de periferia, acostumado a temer os PMs que passarem por perto. Já viu casos de revista truculenta, de pancadaria e de prisões, não só efetuadas contra criminosos, mas também contra seus colegas de balada ou contra alguém que andava com um baseado no bolso.
Para esses jovens, a face do poder não tem os modos melífluos de Michel Temer nem os brincos de Dilma Rousseff. A face do poder é o cassetete da polícia.
Não é defensável, mas dá para compreender que, na hora em que se vê mais forte, algum jovem queira descontar, batendo e jogando pedras num policial.
É horrível que isso aconteça. Mas ninguém disse que uma sociedade como a nossa está destinada apenas a produzir bonitezas.

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A arte do impossível

Por Folha
19/06/13 02:07

 

Havia cartazes sobre quase tudo, e bandeiras das mais variadas, na manifestação de anteontem em São Paulo. Por vezes, não passavam de uma folha de papel de tamanho um pouco maior, sem sinal de representar alguma luta coletiva.

Alguém simplesmente pegava o papel e escrevia o que pensava. “Não são os 20 centavos”, dizia um cartaz. Com certeza.

O aumento das tarifas de ônibus, de 6,6%, estava no programa —e, conforme o ano que se tome como base, pode ser qualificado como inferior (ou não) aos índices inflacionários.

Não se reuniriam tantos milhares de pessoas, entre estudantes e gente de cabelo branco, entre garotões de classe alta e adolescentes da periferia, se a PM não tivesse dado o seu “show” de truculência na semana anterior.

Imagino que com a passeata se quis mostrar, acima de tudo, o espírito desarmado da grande maioria —e sua capacidade de fazer, como tantas vezes aconteceu no Brasil, protestos de massa com fraternidade e alegria.

Assim, algumas pessoas acompanharam a passeata com flores brancas nas mãos. A roupa branca, cujo uso se recomendara nas convocações, não chegou a constituir um sucesso. Na parede de um prédio, projetaram-se imagens de Gandhi.

Não foi, entretanto, apenas um protesto contra a violência policial, como não foi só contra o aumento dos ônibus. O governador Alckmin e o prefeito Haddad foram xingados à vontade, é claro. Mas havia outro espírito movendo aqueles milhares de pessoas.

“Se vocês não nos deixam sonhar, nós não deixamos vocês dormir”, dizia um cartaz. Ideias desse tipo, com trocadilhos interessantes ou mesmo palavras de ordem genéricas, como a de que “o país acordou”, brotavam de todos os lados, um pouco ao estilo de maio de 1968 na França.

Apareceram coisas díspares: cartazes com escritos em inglês (“ônibus free”, algo assim) ao lado de bordões verde-amarelos antiquíssimos (“verás que um filho teu não foge à luta”). Pouco importa.

Quiseram as circunstâncias que PT e PSDB se equalizassem no repúdio dos manifestantes. O aumento do ônibus e a violência da PM tiveram um poder que, passe o trocadilho, valeria chamar de “alquímico”.

Estava latente a sensação de que os dois grandes rivais da política brasileira se equivalem, cada qual com seus mensalões, sua tecnocracia paralisada, suas promessas cínicas, sua sensatez, seu realismo.

Para que tudo ficasse mais claro, Haddad e Alckmin estavam juntos em Paris. Todo prefeito sabe que, diga-se o que se disser, chega a hora de aumentar o ônibus. Todo governador sabe que, diga-se o que se disser, chega a hora de usar as balas de borracha.

Não me sai da cabeça a foto de Haddad selando, aos sorrisos, seu pacto com Paulo Maluf, na campanha eleitoral. Todos seguem a esfuziante frase com que Fernando Henrique sagrou seu pragmatismo: “A política é a arte do possível”.

Pode ser, e tem de ser, a arte do impossível também. É isso o que milhares de manifestantes estavam mostrando na segunda-feira.

De alguma forma, vai-se esgotando a legitimidade de um pragmatismo, de um aliancismo, de um cinismo, de um petismo, de um peessedebismo que nada têm a oferecer em termos de valores e de ideais.

Por isso mesmo, “não são os vinte centavos” o que está em jogo. O pragmatismo que leva a tantas alianças políticas com a direita passa a ser contestado, principalmente pelos mais jovens. São aqueles que também dizem, na internet, que o pastor Feliciano não os representa.

Havia cartazes de cunho bastante “liberal” ou “neo-Fiesp” na passeata. Mensagens contra a corrupção e em defesa de um bom uso do “dinheiro dos meus impostos” eram comuns. De todos os cartazes, entretanto, o de que mais gostei estava sendo levado por uma moça e tinha linguagem chula. Dizia apenas: “Copa é o caralho”.

Talvez seja uma boa síntese do momento. É que, a começar dos políticos do PT, vive-se numa espécie de comemoração permanente —o país está ótimo, vivemos um momento extraordinário, construímos estádios e todos estão felizes.

Abaixo a Copa do Mundo, talvez quisesse dizer a moça do cartaz: pelo menos, expressou sua impaciência diante da sorridente enganação geral. É esse sorriso, feito da insensibilidade, do cinismo e do oportunismo de décadas, que a passeata pretende tirar do rosto dos governantes.

 

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A máquina de gerar poder

Por Marcelo Coelho
18/06/13 12:02

Leio alguns textos na internet sobre as manifestações.
O estudante Paulo Motoryn, do Movimento Passe Livre, escreve o seguinte na revista Vaidapé.

A juventude está mostrando que não quer compartilhar dos valores individualistas, consumistas e utilitaristas da geração de seus pais.
O grito dos jovens está longe de bradar contra os “mensaleiros”, contra a inflação, contra as políticas sociais de transferência de renda. O movimento é progressista por natureza e agora tem de saber lidar com uma ameaça feroz: a direitização.
O aparelho midiático que serve a esses interesses já foi acionado. A grande imprensa já está mobilizada para maquiar o movimento de acordo com um ideário conservador, por isso o povo precisa fazer seu recado ser entendido.

Na mesma linha, de forma mais engraçada e sectária, há o texto de Natacastro, no blog Café com Nata:

Não, reaça, eu não estou do seu lado. Não vem transformar esse protesto legítimo em uma ação despolitizante contra a corrupção. Não vem usar nariz de palhaço, não tem palhaço nenhum aqui. Agora que a mídia comprou a manifestação tu vem dizer que acordou?
O povo já está na rua há muito tempo, movimentos sociais estão mobilizados apanhando da polícia faz muito tempo. São eles os baderneiros, os vândalos, os que atrapalham o trânsito. Movimento pelo transporte, Movimento Feminista, Movimento Gay, Movimento pela Terra, Movimento Estudantil… Ninguém tava dormindo! Essa violência que espanta todo mundo não é novidade, não é coisa de agora. Acontece TODOS os dias nas periferias brasileiras, onde não tem câmera pra registrar ou repórter para se machucar e modificar o discurso da mídia.
Não podemos admitir que nossa luta seja convertida pela direita numa passeata contra a corrupção. Não é uma causa de neoliberais. Não é uma causa pelos valores e pela família. Não estamos pedindo o fim do Estado – pelo contrário! – Esse “Acorda, Brasil” não tem absolutamente NADA a ver com a mobilização das últimas semanas.

 

Acho que os dois textos estão certos e errados ao mesmo tempo.
O errado é pensar que alguém possui os “direitos autorais” de um movimento de massa. Se a coisa cresce, e passa a agregar novos significados, é inútil pretender que se mantenha a pureza do instante original.
O certo é que, de fato, os novos significados do movimento abrem um campo de disputa. A disputa não é feita apenas pelos órgãos de comunicação, mas dentro da própria passeata. Ontem, no Largo da Batata, havia gente com cartazes “de direita”, se quisermos, falando mal do PT e querendo que se dê bom uso ao dinheiro “dos meus impostos”. E havia gente contra o capitalismo, contra “Veja” e contra a mídia em geral.
O que é uma massa dessas na rua?
É, antes de tudo, uma Máquina de Gerar Poder. O poder está ali. O segredo da coisa, eu acho, está nas mãos de quem souber interpretar com exatidão o que está sendo dito. Se eu disser que sou contra o aumento dos ônibus, apenas, provavelmente eu estarei mantendo o purismo da manifestação, mas perdendo apoio. O mesmo se eu disser que a marcha é contra a corrupção petista.
O fundamental –lá vou eu falando como o velho gramsciano que eu nunca fui nem serei—é não alienar as possibilidades de apoio.
Ontem eu vi o Datena na televisão falando a favor do movimento e contra a violência policial.
É claro que isso irrita.
Mas não se pode deixar de receber isso como uma boa notícia.
A “Máquina de Gerar Poder” já conseguiu fazer o Datena –e todos os órgãos de comunicação—penderem a favor dos manifestantes.
A “Máquina de Gerar Poder” já fez a balança política pender para a esquerda –depois de tantas derrotas, que vão de Haddad dando as mãos para Maluf ao prestígio do Pastor Feliciano.
Que “a mídia” queira tomar conta do movimento é, nesse sentido, uma boa notícia.
A má notícia será se, por falta de liderança ampla e não sectária, o movimento se restringir à sua pureza original.
A má notícia, também, será se o movimento simplesmente repetir as expectativas habituais da classe média contra mensaleiros e contra impostos.
Para isso, é preciso uma liderança que saiba traduzir o momento em palavras e propostas que atendam as expectativas do maior número. Isso é política numa democracia, e em geral dá certo.

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voltaire de souza

Por Marcelo Coelho
13/06/13 17:32

Novas crônicas originalmente publicadas no “Agora”.

TEMPO DE BUSCAPÉ

 

Praias. Mulheres. Cultura.

Nosso país atrai cada vez mais o turista estrangeiro.

O americano Norton desembarcava em Cumbica.

–Bruzíííl. Eu adóóór.

Ele tinha lido sobre uma importante tradição popular.

–As fésts djiunííns.

Festas juninas. Quadrilhas. Pipocas. Arraiais.

No táxi, o motorista Valdinei dava mais informações.

–Pular fogueira. Tomar quentão. Pau de sebo também…

O fuso horário terminou trazendo o sono.

Quando acordou, Norton  estava diante de uma realidade bem típica.

–Olha, a foguééyr… os rojóinsh.

Ele desceu animado para participar do São João.

Não era festa junina. Era quebra-quebra na Paulista.

Com direito a barricada, incêndio e camburão.

Ônibus, por vezes, são como balões.

Quando sobem muito, aqui embaixo pega fogo.

 

FORA DA BLITZ

 

Perigo. Acidente. Transgressão.

Bebida e direção são coisas que não combinam.

O governo não quer moleza.

O nome dos multados será publicado no Diário Oficial.

A lista da boca torta.

A hora de cada bebum dizer presente.

Luís Celso estava preocupado.

–Se a minha família descobrir…

Aos trinta anos, ele vivia na casa dos pais.

Cama, comida e roupa lavada.

–Além do bolsa-gasolina.

Quatro doses de vodca antes de sair para a balada.

O celular e o GPS avisavam quando tinha blitz.

Ninguém avisou quando o assaltante Pepê apareceu com outro tipo de cano.

Luiz Celso quis soprar.

No IML, o bafo do rapaz não dá sinal.

E a temperatura é adequada para garrafas de vodca.

O governo procura controlar a bebedeira.

Faz falta a lista dos assaltantes de rua.

12/6/2013

 

A PERGUNTA NA GARGANTA

 

Protestos. Rebeliões. Quebra-quebras.

O aumento no preço dos ônibus esquenta o clima na cidade.

Bianca era uma bela ecologista de 40 anos.

Ela passeava de bicicleta na Paulista.

O PM Francarlos achou melhor avisar.

–Olha. O pau está comendo.

Bianca viu as fogueiras ao longe.

–Se o ônibus está caro… por que eles não andam de bike?

Quem ouviu a pergunta foi o estudante Cauã.

–Alienada. Não vê o significado político da situação.

Apesar do frio, o jovem exibia seu tórax bem proporcionado.

Bianca examinou o rapaz e concluiu que se tratava de um belo animal selvagem.

No seu apê nos Jardins, ela ensina Cauã a usar o selim da bicicleta.

A política, por vezes, é como o amor.

Quando as coisas começam a subir, importa manter vivo o movimento.

 

 

USANDO O TERNO BRANCO

 

Charme. Encantamento. Glamur.

Os anos dourados estão de volta.

“O Grande Gatsby” estreia nos cinemas.

É a vida trágica dos milionários americanos.

O famoso estilista Kuko Jimenez estava ligado.

Pérolas e paetês. Sapatos bicolores. Vestidos de melindrosa.

Ele resumia o espírito da coisa.

–Vamos voltar a 1920.

Seu novo desfile era preparado com rapidez.

–Luxo, minha gente. Gente. Ser rico não é pecado.

Foi quando chamaram pelo celular.

O banco dava o recado..

–Conta no vermelho, Kuko.

Ele foi conversar com o gerente.

No caminho, um carro preto. Quatro homens de terno e chapéu. Além da metralhadora.

Assalto no estilo de Chicago.

A rajada tingiu de vermelho o terno branco do estilista.

O passado pode voltar.

Mas, por aqui, ninguém é intocável.

 

COM DESCONTO

 

Aborto. Homossexualismo. Divórcio.

Para o padre Pelozzi, o mundo precisa de fé.

–Sinón vai tutto para il belelé.

Na paróquia, reinava o desinteresse.

O bom sacerdote rezava em busca de inspiração.

–Uma luce. Um miracolo.

Milagres eram raros lá dos lados do Parque Preciosa.

Veio a missa. A comunhão. A hóstia.

Dona Alba, que dormia o tempo todo, começou a pular feito adolescente.

O sr. Jair Melantônio teve visões estratosféricas.

–É Jesus. É Che Guevara. É nóis na fita.

A viúva Franchetti gargalhava.

As hóstias acabam de ser examinadas pela Unicamp.

Traços de cocaína e ecstasy são a suspeita.

Pelozzi diz não saber de nada.

Mas admite que as hóstias vieram da Bolívia. Com desconto.

O barato, por vezes, sai menos caro do que se pensa.

 

 

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Sebastião Salgado

Por Marcelo Coelho
13/06/13 17:31

A criação do mundo

Nas fotos de “Gênesis”, Sebastião Salgado parece construir o planeta com as próprias mãos

As florestas estão desaparecendo, as geleiras derretem, o aquecimento global preocupa, mas certamente uma coisa não falta no planeta. Refiro-me às fotografias da vida selvagem.
Nada contra esse tipo de fotos. São invariavelmente lindas: revoadas de colhereiros, visões aéreas da Amazônia, índias com filhos na rede e na escuridão.
Quem pensa já ter visto tudo a esse respeito vai mudar de ideia, provavelmente, se abrir o novo livro de Sebastião Salgado.
“Gênesis” (editora Taschen) é um volume bem grande e pesado, com fotografias em preto e branco do artista mineiro, tiradas nos lugares mais remotos do mundo. Lá estão os índios, os baobás, as geleiras, os platôs e os pinguins.
Mas o que vejo nesse livro não tem comparação com nada do que eu conhecia. É como se, até agora, eu tivesse ouvido apenas uma caixa de música e descobrisse, ao vivo e na frente da orquestra, uma sinfonia de Beethoven.
Em vez de mostrar uma espécie de pureza idílica e bonitinha, as fotos de Sebastião Salgado surgem numa erupção de dramaticidade, de agonia, de poder.
Talvez nosso hábito seja o de pensar as reservas ecológicas como algo de “intocado”, de perfeito em si mesmo, que se espraia na total ausência do homem.
Justamente, o livro de Sebastião Salgado não se chama “Éden” nem “Paraíso”. O título “Gênesis” dá a impressão de que algo está ainda a ser criado, de que forças gigantescas e, de certo modo, feitas à imagem e semelhança do próprio homem, estão sem descanso a fabricar o mundo.
A formação de cacto que nasce no meio de um derramamento de lava, nas ilhas Galápagos, não parece “estar ali”, de forma “natural”. É como se tivesse sido plantada por um jardineiro raivoso e enlouquecido, ainda exausto do esforço de derreter a pedra e movê-la, aos golpes, pela encosta do vulcão.
Viramos as páginas, e encontramos na África um grupo de elefantes. O que era bicho, entretanto, achata-se na foto, ganhando a simetria mineral de uma barreira de basalto.
O melhor modo de resumir o impacto dessas fotos seria dizer, acho, que Sebastião Salgado não parece trabalhar simplesmente com os olhos e a lente da câmera. É como se, em vez dos olhos, ele usasse as mãos.
Ele conta, no prefácio do livro, que depois de presenciar cenas de brutalidade extrema em países como Ruanda, tinha perdido a esperança na humanidade. Na mesma época (fim da década de 1990), foi cuidar de uma propriedade em Minas Gerais que, no passado, tinha sido a fazenda de gado de sua família.
Sebastião Salgado e sua mulher, Leila Wanick Salgado, dedicaram-se (com sucesso) ao reflorestamento do lugar. Talvez venha daí a sensação de voluntarismo, de poder, de empreitada, que as fotos transmitem. O mundo natural surge como resultado de um trabalho titânico.
E, nas fotos de alguns bichos, não há como não reconhecer algum tipo de marca demasiado humana. Um tartarugão nos olha como se fosse James Cagney, num dos seus papéis de gângster, mandando-nos embora da região sob seu domínio.
A pata de um lagarto, cinco dedos sobre a pedra, ao mesmo tempo delicada e agressiva, vive uma inteligência própria –talvez porque sejam especialmente humanas as proporções do pulso e do antebraço.
Quando aos índios, vivam eles na América, na África ou perto do Polo Norte, a visão de Salgado supera, sem negá-los, os pressupostos da antropologia. De um lado, em muitas fotos ele capta o que há de mais “diferente”, de mais exótico possível.
Uma cultura africana, por exemplo, usa adornos no lábio inferior que fazem os batoques dos índios brasileiros um enfeitizinho de criança tímida.
Ao mesmo tempo, Sebastião Salgado não abandona um olhar “estético” e “ocidental” sobre muitas das pessoas retratadas. A beleza de alguns rostos e corpos é valorizada ao extremo em suas fotos. Em outra imagem, um grupo de velhos xamãs kamayurá posa solenemente, contra um fundo do mais absoluto negro –e não há dúvida de que o fotógrafo se inspirou, aqui, nos retratos coletivos de Rembrandt.
Ocidente, oriente, norte, sul: não se trata, em “Gênesis”, da atitude paternalista de celebrar nossas “diferenças” ou nossa “fraternidade planetária”. Sebastião Salgado humanizou tudo, na verdade, graças ao procedimento inverso. Vê o mundo como se estivesse de fora, como se fosse ele próprio uma força impessoal, cujo amor só se expressa em energia, em criação.

Sebastião Salgado, via facebook

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Stravinsky hoje

Por Folha
05/06/13 02:13

O senhor acha, perguntaram a Stravinsky na década de 1960, que sua música é agora mais compreendida do que na época da “Sagração da Primavera”? Como se sabe, a estreia do balé, em 1913, produziu um dos maiores escândalos da história da música.

Não, “não compreendem melhor agora”, respondeu Stravinsky. Simplesmente “os escândalos passaram de moda”, enquanto a música continuava difícil.

Ou melhor, acrescentou. Não é que o público tivesse de “compreender melhor” a sua música. Mas tinha, isso sim, “de ouvir melhor”.

E quanto ao futuro?, perguntou o repórter polonês. O público vai acabar compreendendo? Ninguém sabe o que é o futuro, respondeu Stravinsky, decerto cansado diante de perguntas a que deve ter respondido com muita frequência.

Em qualquer peça de música clássica, e não apenas no caso de Stravinsky, o problema da incompreensão existe. Podemos gostar de Mozart e Beethoven, mas quem, num concerto, está “entendendo” tudo o que se passa?

Sem contar as músicas que, de tanto sucesso, tornaram-se quase impossíveis de acolher com inteligência.

A Quinta Sinfonia de Beethoven, por exemplo. O “tã-tã-tã-taaam” transformou-se num rótulo de si mesmo, é algo que quase não se ouve mais: apenas se reconhece.

Talvez tenha sido por isso que, no começo do século 20, a arte moderna tenha se voltado tantas vezes para o “primitivo”, para o “selvagem” —e a estreia da “Sagração da Primavera”, que completou cem anos na semana passada, ficou como um dos maiores exemplos dessa atração pela “barbárie”.

É que a “civilização”, num sentido muito particular, tornara-se um impedimento para a arte. Quem ouve muito uma música já não a escuta mais. A “selvageria”, portanto, pretendeu apenas raspar a pátina, o verniz, a cera do ouvido de uma plateia civilizada demais —e Paris, onde o balé estreou, era o lugar ideal para isso.

Esse processo de superexposição a determinadas obras de arte explica, também, a importância dos intérpretes em música clássica. O grande intérprete consegue fazer com que uma obra já muito conhecida seja descoberta como novidade.

Na música barroca, por exemplo, tudo foi reinventado a partir dos anos 1960, quando começou a pesquisa pelos instrumentos originais e por uma nova fidelidade às partituras de época.

O resultado paradoxal dessa maneira de interpretar os barrocos (sem verniz, com mais secura e menos calda de caramelo) foi que Vivaldi e Haendel se tornaram… quase stravinskianos também. O futuro, sobre o qual indagava o repórter na entrevista com Stravinsky, chegaria impondo uma revolução sobre o passado.

O próprio Stravinsky se encarregou disso. Depois da fase “russa” e “bárbara” dos balés com Diaghilev, reescreveu partituras de Pergolesi (1710-1736), e entrou numa fase “neoclássica”. O curioso é que uma obra como seu concerto para violino, por exemplo, apesar de muito menos barulhento e dissonante do que a “Sagração”, no fundo é ainda mais difícil de ouvir.

Não se traduz em ideias como “violência primitiva”, “poder telúrico”, “ritmo primal” que nos ajudam a apreciar a “Sagração”.

Talvez seja uma obra de menor qualidade mesmo. Em todo caso, o desenvolvimento posterior de Stravinsky não foi, como dizem, uma “regressão”, uma desistência de qualquer missão revolucionária que o mestre desempenhara no começo do século.

Ao longo de sua vida, assumindo diferentes “estilos”, Stravinsky foi se tornando mais reconhecível por quem ele era, enquanto compositor individual, e menos como um mero “médium” da crise estética modernista.

Modos de deslocar o ritmo, um gosto cítrico na instrumentação, a recusa das técnicas de transição, a “montagem” mais que o desenvolvimento, aparecem em peças menos escandalosas, mais “civilizadas”, tanto quanto nas escarpas, cavernas e fogueiras da “Sagração”.

Compositores e intérpretes posteriores se tornaram “stravinskianos” em alguns momentos, sem que o termo se reduzisse a ser sinônimo de “modernistas”. Foi um longo caminho até que Stravinsky se tornasse, afinal, apenas Stravinsky, e não o equivalente de uma força anônima, a encarnada na “Sagração”.

O compositor sobreviveu ao próprio mito —o que não deixa de ser um ganho da civilização. Vitórias desse tipo são raras; vale a pena comemorar.

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voltaire de souza

Por Marcelo Coelho
03/06/13 18:38

Recentes comentários do cronista do “Agora”

CORAÇÃO VIAJANTE

Protesto. Exotismo. Animação.
É a Parada Gay.
O frio castiga a cidade.
Ivan se preocupava.
–Como é que eu vou aguentar com esse bustiê?
O rapaz tinha vindo de Manaus para o evento.
–Nem meia de nylon eu trouxe…
Coragem. Desejo. Determinação.
Ivan defendeu os direitos da pele morena num clima temperado.
Depois, a dor de cabeça. A tosse forte.
No Hospital Santa Ismênia, o diagnóstico.
Princípio de pneumonia.
Ivan aceitou as doses de um poderoso antibiótico.
A enfermeira Thalytta cuidou do viajante.
Ivan não sabe explicar.
A paixão foi imediata. O sexo ocorreu no próprio leito do hospital.
Erram profundamente os religiosos que acreditam na cura do comportamento gay.
Mas certos antibióticos produzem, talvez, efeitos ainda pouco estudados.

SABEDORIA DO ALÉM

Insegurança. Medo. Confusão.
Boatos sobre o fim da Bolsa-Família agitaram o país.
Verônica seguia pela TV.
–É deprimente.
Filas no caixa.
–Essas pessoas não têm vergonha?
Ao lado, a cadelinha Tiffany exigia bombons.
–Quieta.
Verônica se lembrou do seu pai. Falecido recentemente.
–Não pode dar o peixe. Tem de ensinar a pescar.
Ela balançava a cabeça.
–E essa gentarada dependendo do governo.
–Wóf. Wóf.
De repente, a tela plana piscou estranhamente.
Uma imagem turva surgiu entre as sombras do living.
–Verôôônica… sou eeeu… seu paaai.
O recado do fantasma era objetivo.
–Não esquece de processar o Zé Luiz. Aquele pulha.
O ex-marido. Que andava dificultando o pagamento da pensão.
Famílias acabam. Mas a grana não pode faltar jamais.

DESPEDIDA DE UM ÍDOLO

Emoção. Esporte. Torcida.
O craque Neymar anuncia.
Irá deixar o Brasil.
Dayane não se conformava.
–Nem um autógrafo eu consegui.
Ela sonhava com mais.
Beijos. Sexo. Casamento.
A bela jovem pesquisava na internet.
–Quando ele vai embora?
A juventude não tem tempo a perder.
Boates. Estádios. Centros de treinamento.
–Eu tenho de encontrar o Neymar.
Dayane caprichou na minissaia.
–Será que eu uso a botinha branca?
Ela se olhava no espelho.
–Hum… fico com cara de paquita.
É difícil adivinhar os desejos de um ídolo.
Calcinhas. Bustiês. Sandálias.
O desespero morava no fundo das gavetas.
–Quer saber?
Ligou para o Hudson.
Ex-namorado. Ex-reserva da Portuguesa Santista em 2002.
O amor é como o futebol.
Por vezes, fica tudo no arroz com feijão.

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Dança:"Imagem Nua"

Por Marcelo Coelho
01/06/13 20:20

Não entendo de nada de dança, mas quando vejo uma pessoa que dança bem tenho a impressão de que existe uma cordinha invisível puxando a cabeça, o pescoço e a coluna vertebral lá para cima, de modo que o dançarino ou a dançarina estejam em plena liberdade e equilíbrio, com os olhos altos no espaço.
Essa a impressão que tive ao ver Mauricio Florez Raigoza, um dos sete participantes do espetáculo “Imagem Nua e Outros Contos”, da Cia. Perversos Polimorfos, em cartaz no Sesc Belenzinho.
São três homens e quatro mulheres, numa apresentação que achei emocionante e belíssima, com música ultra-moderna e eletrônico-estranha de Dan Nakagawa, e concepção e direção de Ricardo Gali.
No centenário da estreia de “A Sagração da Primavera”, esse espetáculo parece trazer uma espécie de atualização extrema do assunto que toma o famoso balé de Stravinsky. Seria, digamos, a força do coletivo sobre o indivíduo, o sacrifício da virgem ao ritual bárbaro.
Em “Imagem Nua”, a dança demora para começar. Por vários minutos, os bailarinos apenas cruzam o palco da esquerda para direita, da direita para a esquerda, com passos contados. Uma das proezas da apresentação é que, por mais tempo que isso dure, a atenção da plateia não se dispersa. Tudo é feito com grande método e força de convicção.
Aos poucos, conforme se acelera o ritmo, cada dançarino começa a adquirir tiques e gestos particulares –mas ainda mecanizados.
É como se, em vez do coletivo tribal e bárbaro da “Sagração”, estivesse em jogo aqui a barbárie mecanizada e coletiva da vida urbana moderna. Dos pequenos gestos individuais, nascem na dança os encontros e o desejo.
A violência, a agressão, crescem ao longo da dança, até tudo virar uma espécie de orgia emocional das mais perturbadoras, sempre com a música ordenando o caos. O cansaço físico dos bailarinos parece reproduzir a exaustão dos sentimentos –não deve ser fácil viver interiormente uma apresentação dessas.
De certo modo, qualquer espetáculo de balé sempre me parece uma violência sobre o corpo humano. Aqui, não se trata de balé clássico, mas foi isso o que estava em jogo: da violência da rotina dos treinamentos à auto-expressão, e daí ao rompimento de todos os limites.
Fiquei pensando, enquanto assistia à apresentação, que uma das coisas inovadoras de “A Sagração da Primavera” talvez tenha sido o fato de não se basear, como tantos outros balés, em contos de fadas. A dança fala de vida e morte, de rito coletivo e destruição individual.
“Imagem Nua”, pensei, também é assim. Mas tive uma surpresa. No final do espetáculo é que distribuem os programas. No programa, aparecem… os contos de fadas em que cada dançarino se baseou para sua participação individual. Cada dançarino inventou, e escreveu, seu conto para a dança. Lendo as histórias, o espetáculo se reinventa na memória de quem assistiu. O mais genial é que quem assistiu pôde sentir tudo, experimentar toda a força do espetáculo, sem precisar imaginar nada disso.
“Imagem Nua”, ainda neste domingo no Sesc, vai entrar em temporada no Teatro Sérgio Cardoso em seguida.

 

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