A Era de T. S. Eliot
28/04/12 23:40Caio Liudvik comentou com precisão, hoje no Guia de Livros da Folha, dois livros que também andei lendo. Um é de T.S. Eliot, “Notas para a Definição de Cultura”, e outro de Russell Kirk, “A Era de T. S. Eliot”.
É difícil não concordar que o primeiro, apesar de curto, põe à prova a paciência do leitor, como sugere Caio Liudvik; o texto se dedica a uma espécie de “hiperprecisão” conceitual, querendo ser sempre rigoroso quando a questão é de pouca importância, e vago ou omisso quando temas mais amplos ameaçam surgir.
Russell Kirk, por sua vez, foi amigo e admirador de Eliot, e seu livro, uma detalhada biografia intelectual do autor dos “Quatro Quartetos”, vem tingido de intensa convicção conservadora.
Em todo caso, o tom de Kirk é mais amoroso do que enraivecido, e já um alívio ver o pensamento de direita expressar-se desse modo.
Tinha pensado em escrever sobre esses dois livros também, e por isso resolvi ler “The Conservative Mind”, uma espécie de introdução ao pensamento de direita a partir de Burke, escrita por Russell Kirk em 1952. Depois comento.
Estou lendo também a correspondência de Eliot, cujo terceiro volume deve sair em breve na Inglaterra. Comecei aí por 1913, antes do casamento de Eliot com Vivien Haigh-Wood. Ele estava com 25 anos, já estudando em Oxford (filosofia), depois de ter passado por Marburg, na Alemanha, e por Paris.
O casamento, como se sabe, causaria muita infelicidade a Eliot, dados os constantes ataques nervosos de Vivien, que terminaria internada.
Eliot, em especial nos seus ensaios, sempre me pareceu uma personagem muito longe de simpática. Um bocado esnobe, muito estraga-prazeres, provocador sem ser apaixonado, confundindo sutileza com espírito de minúcia, cheio de risinhos internos sem ser irônico nem engraçado.
Mas os elogios de Kirk à sua retidão como pessoa parecem confirmados nas cartas que li. Ele não fala uma vírgula sobre os ataques de Vivien; praticamente não fala mal de ninguém; passa muitas dificuldades financeiras no começo sem ceder à tentação de acusar os outros.
O preço disso é uma quase frieza, mesmo nas cartas para seus familiares. Até nas esparsas cartas para a mãe, logo após a morte do pai, ele se controla. Sabe-se de sua estética anti-romântica, segundo a qual o poeta escreve para fugir das emoções, não para expressá-las; ele levava a sério esse preceito.
Comentários de C.S. Lewis …ele também partilhava nossa opinião a respeito da arrogância de Eliot! Espero que goste!
http://www.reformedandconservative.com/2012/05/c-s-lewis-vs-t-s-eliot-why-eliotolatry.html?spref=fb
Ôpa! Obrigado pela dica, me ajuda muito.
Opa, obrigado! Me ajuda muito.
Caro Marcelo,
Fiquei muito feliz que tenha gostado do A Era de T.S. Eliot. Realmente, antes de traduzir a biografia de Kirk tinha a mesma impressão a respeito da personalidade seca de Eliot (ele mesmo era uma Terra Desolada!). Embora ainda o ache um tanto pedante, após Kirk começei a vê-lo com outros olhos também…
Espero que guarde mesmo os teus comentários a respeito da outra obra de Kirk pois o livro The Conservative Mind será publicado em breve em português pela mesma editora que publicou o de Eliot.
Abraços
Excelente! Acabei de ler o livro e estou cheio de críticas… Mas é muito útil, claro e bem escrito.
Então, não perderás por esperar…um pouquinho!